"Um denominador comum a todos os luxos, e talvez o único, verdadeiro luxo, é o de poder ver longe. Abrir as janelas de par em par e sentir que é o mundo que entra em casa. Não admira que toda a especulação imobiliária portuguesa se baseie neste engodo: vistas. Quando as não há, recorre-se ao "plano B": condomínio privado. Vigilância contínua, circuito fechado, qualidade de vida enfrascada numa realidade protegida e estanque. Penso na alegria linfática que corre nas vielas italianas, na fiesta em horário contínuo das praças espanholas e mexicanas, na hora de ponta holandesa feita de bicicletas em voo livre, nas cidades marítimas neo-zelandesas abertas ao vento austral. Volto a pensar no condomínio fechado português. Tal como o hotel no Congo, é, também ele, o luxo procurado por quem nunca o teve, nem sabe do que é realmente feito."
(excerto de "África Acima" de Gonçalo Cadilhe - reflexões sobre a nossa vida, o nosso quotidiano, só possível para quem a vive intensamente... e já viu outras formas de a encarar.)
(excerto de "África Acima" de Gonçalo Cadilhe - reflexões sobre a nossa vida, o nosso quotidiano, só possível para quem a vive intensamente... e já viu outras formas de a encarar.)
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