Friday, December 28, 2007

Hei-de querer... sempre.

Quero.
Queremos tanta e tanta coisa... coisas simples, coisas menos simples, coisas deveras complicadas.
Um amanhecer, diário, de uma casa virada para o mar, com uma janela imensa onde me abeiro e fico, sentada, em êxtase... arrebatada pela cor, o cheiro de maresia, a musicalidade do ondular e desfazer das ondas contra as rochas.
Um acordar envolta num abraço apertado e um beijo de "bom dia". Preenchida por um ar respirado a dois. Aquecida por um calor que não o meu... ou apenas o meu.
Um balão, sim, um balão de ar quente que me levante para aquele tecto azul que está por cima de nós... de onde possa ver, quando me apetecer, o mundo de outra perspectiva. Quando me sentir triste por o sentir tão pequeno, tão vazio de liberdade e ingenuidade, lá encima vou perceber o contrário (?).
Uma viagem, eterna. Visitar cada recanto, cada pessoa, cada animal. Aprender mil e uma línguas. Saber falar todas elas e conhecer todas aquelas expressões especiais.
Ser enfermeira por esse mundo fora. Hoje cá, amanhá onde precisarem de mim e não ter de me preocupar com salários... porque tenho tudo o que preciso para viver, no sentido lato da palavra.
Uma festa, grande, contínua. Com os meus amigos bem perto. Vida do quotidiano, com eles.
Dança, encima do palco, para toda a gente ver. Movimentos suaves, ou não, coordenados, elegantes. Os meus movimentos e eu esvoaçando ao som de todo o tipo de música.
A mão dada e o eterno passeio. Falando de tudo e expressando tudo o que vai cá dentro. Sorrindo e chorando. Tocando levemente e de forma mais intrusiva, também.
Sol. Um ano inteiro de sol, com chuva onde ela é precisa mas não por cima de mim. Frio e calor, mas sol. E a envolvência daquela luminosidade só dele.
Reuniões de família e gargalhadas. Cheias de histórias para contar.
A minha fusão com outro. Num inesperado mas meigo encontro de duas pessoas. Sem palavras e com todas as palavras do mundo. Onde o entendimento é inato, surge espontâneo e tranquiliza pela certeza de me saber protegida e protectora.
Perceber, todos os dias ao acordar, que por cada momento triste, existem 1000 momentos de felicidade.
Quero.
Porque no verbo querer existe esperança e anseio, força para alcançar, ingenuidade para achar que é sempre possível, possibilidade de não conseguir. Eu quero.
E hei-de querer, sempre. Viver de sonhos e de momentos reais, é viver. Querer apenas o que sabemos ser totalmente possível é perder a capacidade de verdadeiramente querer ir mais além. Querer um dia voar, não é saber que vou voar, é ter a capacidade de me imaginar a fazê-lo, sem medo. Se não conseguir, imaginei. Mas quis. Baixar os braços e desistir... é contentar-me. E isso é ir existindo por este mundo fora... mas não vivendo.

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser uma ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.

("Sê" - Pablo Neruda)

Eu quero... ser.
(Não queremos todos?...)

1 comment:

joquinhas said...

E nunca nos vamos cansar de Querer... porque querer faz-nos viver a vida. despoletar sentimentos e acções... Querer faz-nos não cair na inércia de simplesmente ver a vida passar!!!
Quero-te. E quero ver-te sempre a Querer:)