Escrevo-o porque há tanto para dizer e depois esqueço-me. As palavras faladas, pronunciadas num momento de conversa e troca de ideias, nunca são tão precisas, suficientes e compreensíveis como quando escrevo. Vou-te, sejas tu quem fores e me estejas a ler, hoje ou num dia qualquer no futuro, dizer-te como sou. Decidirás então se valerá a pena saberes mais. Se queres. Se te apetece.
Sou sincera (não impulsiva). Digo o que penso e vivo consoante o que sinto, mas posso ser “politicamente correcta” às vezes, porque ser incontida por vezes pode levar a que sejamos mal interpretados.
Adapto-me bem a situações diversas, contextos diferentes, pessoas novas. Fruto, talvez, de muitas mudanças que fiz ao longo da vida, da educação que recebi, de como vi os meus pais adaptarem-se sempre quando algo se transformava.
Tenho como maior ponto de referência na minha vida os meus pais e o meu irmão. Foram eles, sempre, em todos os momentos, mais felizes e menos felizes da minha vida, os meus grandes pilares.
Nem sempre me expresso bem quando quero dizer o que sinto, sem ser por escrito. Sou traída pelo receio, pela interrogação sempre presente ao olhar para o rosto de quem me escuta.
Gosto de desafios mas também os temo, o que me leva a, por vezes, não arriscar tanto como gostaria.
Não gosto de falar com alguém que não me é capaz de olhar nos olhos, ainda que por vezes o olhar do outro me possa intimidar.
Sei que, quando estou com vergonha, coro muito, e sinto-me vulnerável nesses momentos.
Estou cansada de estar sozinha mas também não quero estar com uma pessoa qualquer e sei que, ao estar há tanto tempo sozinha, criei um espaço e rotina meus, sem dependência de terceiros, sem justificações a dar, sem horários de outra pessoa a ter em conta. No entanto, e achando que a adaptação a essa realidade possa ser, novamente, difícil, estou ansiosa que volte a acontecer.
Os meus amigos são os meus confidentes e eu a confidente deles. Sei que sei guardar um segredo e sei que raramente falho quando precisam de mim, mesmo quando eu própria não sinta que tenho grandes forças para os ajudar.
Viajar é como ler um grande livro de geografia, história e línguas ao mesmo tempo. Além de um grande prazer, é sempre uma aventura, um motivo para sorrir, um prazer.
O sorriso e o olhar de alguém podem conquistar-me, tal como podem causar uma primeira má impressão (e normalmente, as minhas primeiras impressões são as que ficam).
Gosto de quebrar a rotina, assim como gosto de me sentar no sofá a ver um filme.
O toque, para mim, é realmente uma forma de relação com o mundo. É amor, amizade, sexo, calma, dor, paz, união, dor. Mas é uma forma de comunicação partilhada. Podemos dizer “amo-te” ou “odeio-te” com gestos pouco diferentes para quem vê mas imensamente distintos para quem os sente.
Detesto o vazio do silêncio quando não me apetece estar em silêncio, assim como adoro a sua imensidão quando me apetece envolver-me nele.
As crianças são o que de melhor temos no mundo e não suporto pensar que muitas sofrem, ora porque a vida não foi meiga para com elas, ora porque nós, adultos, fomos umas bestas com elas.
Adoro misturas. Se tudo fosse branco, magro e falasse a mesma língua este mundo não tinha interesse nenhum.
Enfermagem é a minha profissão e, em alguns aspectos da minha vida, uma forma de estar na mesma. Agora descobri também que a orientação de alunos, aliada a esta, é também algo que me fascina.
Numa discussão detesto os “mas”, “não sei”, “talvez”… e os silêncios prolongados que não trazem nada de novo. Também não gosto de gritos ou “mãos na anca”. Discutir não implica nada disto. Discutir poderá ser apenas ter uma conversa longa, em que se trocam ideias e se debatem opiniões. E confesso, gosto de ter a última palavra numa discussão, nem que seja para dizer “tens razão”.
A natureza anima-me.
Fotografar pormenores e perceber que ficaram bem captados é uma sorte para uns, uma questão de jeito para outros… para mim, uma alegria quando acontece. Uma fotografia poderá ser a melhor forma de recordarmos um momento e um lugar. Às vezes, quando olho para algumas das milhares que tenho, parece que ainda consigo ouvir os sons que me rodeavam naquele lugar, os cheiros que senti, as cores que vi, a sensação que tive.
Canto mal, mas adoro cantar… sobretudo no carro. E, ainda no carro, um dos meus maiores prazeres é observar os outros condutores… as pessoas transformam-se ao volante.
Sou muitas vezes insegura, sobretudo em relação à minha imagem.
Sou boa condutora e tenho jeitinho para a cozinha quando me inspiro… tenho é pouca paciência para me inspirar.
Receber bem alguém em minha casa é, para mim, um direito e um dever. Mas também só trago a casa quem quero… quem não me é querido, fica à porta. O meu espaço físico e pessoal como é o de minha casa não o partilho com qualquer um.
Telemóvel é, essencialmente, para mandar sms e pouco mais. Não preciso de dois. Um é mais do que suficiente.
Não vivo sem agenda, e cada vez menos. Entre turnos, saídas e aniversários… se não a tiver, esqueço-me de tudo! E, além disso, acaba por ser o meu pequeno diário.
Tenho quilos de bijutaria, dezenas de malas e muita roupa. Sei que é demais, mas não consigo evitá-lo. No entanto, em viagem, consigo ser muito prática a fazer uma mala.
Acho que não tenho um estilo próprio, a não ser que não ter um estilo definido se possa considerar ter um estilo. Se hoje me apetece andar de ténis e jeans, amanhã posso pôr umas botas com salto e uma saia e no dia a seguir vestir calças largueironas. E se estiver numa de flower power ou executive look, também se arranja. Isso sim, os caracóis são (quase) inconfundíveis e a farda de trabalho, essa, é sempre a mesma, num monótono branco que nos confere um “poder” que ainda hoje não consigo entender.
Chorar é limpar a alma. Abraçar é envolver um mar de sensações. Beijar é cumprimentar ou dizer a alguém que, pelo menos naquele momento, não queremos estar com mais ninguém. Rir é libertar a alma que as lágrimas de vez em quando limpam. Ser é não estar morto, e mesmo assim podemos ser alguém que outros recordam. Estar é não estar em nenhum outro lugar a não ser aquele onde estamos nesse momento. O Outro somos todos, não convém esquecer. Deus é quem ou o que cada um quer, deseja ou sente que é. Ontem já foi, amanhã é futuro, hoje é agora… e nós, estamos onde?
Eu, estou aqui.