... disseste-me tu outro dia. Ah pois custa! Custa ouvir alguém dizer que não sabe como vai perder o amor da sua vida e não poder chorar com ela também mas acalmá-la, falar calmamente, estar ao seu lado. Enquanto se despede, enquanto decide, enquanto gere sentimentos diversos e contraditórios que eu nunca entenderei... são dela, deles, de anos e anos de partilha. Custa ver alguém que sempre esteve, que sempre foi, que é todos os dias a toda a hora... sentir-se ausente, negligente, como se o estivesse a abandonar. A ele, que nunca fica sozinho, porque de noite, mesmo quando ela não está lá fisicamente, está nas horas de sono perdidas atormentada com o possível telefonema do hospital, com a ideia de que ele pode estar a chamar por ela, que pode estar com dores. É o vazio da ausência que ainda não aconteceu. A saudade que se instala de tempos passados quando ainda existem momentos presentes para viver. É a grade da cama para baixo apenas para estar um pouco mais perto dele. A mão que toca, o beijo que se dá. A incerteza de amanhã poder dar outro... e o rosto coberto de água, pura e genuína, dela. Da alma dela.
... sim, custa muito crescer!
1 comment:
e de repente dizem-nos que o mundo vai acabar, da pior maneira que poderia acabar.. ninguém devia ter que sequer sonhar passar por isso..
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