Tuesday, April 21, 2009

Amanhã...

... começo verdadeiramente o trabalho de enfermeira orientadora de um grupo de 9 alunos de Enfermagem, colaborando com um professor, e amigo, da ESEL. Verdadeiramente, porque apenas fiz um turno com eles antes das férias da Páscoa e, agora sim, começa o período grande e contínuo de estágio deles.
Serei capaz? Será possível transmitir-lhes o que sei, aprender o que não sei para lhes transmitir, fazê-los pensar e reflectir o seu dia-a-dia de contacto e cuidado de pessoas fragilizadas pela dor e doença?
Poderei fazer uma pequena diferença, pela positiva, no seu percurso formativo?
Espero que sim. Vou trabalhar para isso.
Os sentimentos perdem-se nas palavras. Todos deveriam ser transformados em acções. Em acções que tragam resultados. (Florence Nightingale)

Pessoas interessantes.

Toda a gente é interessante se a gente souber ver toda a gente.
Que obra-prima para um pintor possível em cada cara que existe!
Que expressões em todas, em tudo!
Que maravilhosos perfis todos os perfis!
Vista de frente, que cara qualquer cara!
Os gestos humanos de cada qual, que humanos os gestos!

Álvaro de Campos, Poesia

Milk.


Mais um filme surpreendente. Milk. Não sabendo do que se tratava, já tinha ouvido inúmeros elogios ao filme e ao desempenho do Sean Penn. Brilhante mais uma vez, não me decepcionou. Histórico, relembra lutas passadas que continuam a ser actuais, fazendo o retrato de uma época, de um activista, de momentos que o tempo não deve apagar. É bom lembrar.

If a bullet should enter my brain, let that bullet destroy every closet door. (Harvey Milk)

Sunday, April 12, 2009

Mergulhos.


Porque às vezes o silêncio sabe bem.
Agora que sinto amor
tenho interesse nos perfumes.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver.
Alberto Caeiro, Poesia
Haverá melhor maneira de descrever o que é estar apaixonado?...
Quero voltar a acordar e cheirar antes de ver...
porque sim.

Noites em Kuta...


De misturas culturais...
de falar diferentes línguas e, ainda assim, perceber o que nos querem dizer...
de dança e convívio...
de gargalhadas e calor...
de férias.

Saturday, April 4, 2009

Cinema.

Gran Torino - a diferença está nas atitudes, não na côr de pele ou na língua que falamos. As relações criam-se pela proximidade que se atinge e o que demonstramos sentir pelos outros. As interacções impossíveis não existem, pode existir é a vontade de que elas não existam. O racismo e a xenofobia têm algo de tão curioso como o facto de poderem conduzir a violência e morte dentro de pessoas "do mesmo grupo" cultural. A violência nunca é a resposta, mas por vezes é preciso uma grande coragem e frieza para assumi-lo.

Quem quer ser bilionário? - Num mundo onde tudo se opõe a ele, o amor triunfa, numa história que, no fundo, não se centra nele. "It was written" (foi o destino).

Recomendo!

Bali (Indonésia) - Março de 2009

Foram mais umas férias. Merecidas e desejadas. O cansaço era tremendo e a vontade de apanhar novos ares muito grande.
Assim começou a viagem a Bali, com cansaço mas entusiasmo. Iniciou-se por um dia e meio de aviões e aeroportos, de aterragens e free shops, de detalhes estruturais de um aeroporto moderno como o de Bangkok, do stress em Lisboa de não encontrarem os nossos nomes para a emissão de bilhetes.
Chegámos finalmente. Na companhia do nosso guia, Kacha, fomos introduzidas a pequenas informações sobre a ilha. De Denpasar, onde se localizava o aeroporto, até o nosso hotel foi um instantinho. Hotel grande, relaxante, repleto de verde e fontes, som de água e tranquilidade. Vestimos o bikini e fomos para a praia. Água quente, ondulação meiga, laranja do fim do dia. E a piscina, só para dizer que não passámos o primeiro dia sem a experimentar.
Bali, a partir daí, foram surpresas, boas surpresas.
Dos dias sempre bons, com um sol abrasador e uma humidade elevada.
Da espiritualidade daquele povo que, em todo o lado, coloca ofrendas para agradecer aos deuses e aos espíritos. Que envolve as grandes pedras e as grandes árvores com panos, pois estas são as casas dos espíritos que têm de ser protegidas. Que em todas as suas casas tem templos, para os deuses, para os espíritos e para os seus antepassados. Que tem um dia, o dia do silêncio, Nyepi day, que celebra o inicio do novo ano e determina um dia de meditação em casa e de silêncio nas ruas. Celebrado no dia 26 de Março, foi celebrado também por nós, no hotel, que cerca das 19h, quando anoiteceu, ficou inundado pelo silêncio e escuridão, apenas iluminada por velas nos corredores, em respeito a esta cerimónia, e que nos ofereceu assim um céu totalmente invadido por estrelas e constelações.
Do surf e do bodyboard, partilhado com amigas e com locais, de forma descontraída, num mar azul esverdeado de ondas regulares e perfeitas, com o sol a esturricar o corpo sem que déssemos conta. Dos bikinis que saem e da t-shirt que se leva no 2º dia de aulas.
Dos macacos que nos acariciam o cabelo e nos olham como que interrogando-nos. E daquele, mais espertalhão, que procura o que eu possa ter dentro do bolso na camisa.
Da surpresa, não tão boa, que é acordar como uma "pringle", com a cara inchada e sem conseguir abrir bem o olho. Perceber a utilidade do gelo, dos anti-histamínicos, dos chapéus para a cabeça, das camisas largas de manga comprida e das legins também compridas.
Da multiculturalidade da noite de Kuta e dos shot's que elas beberam a preços idiotas do licor local: Arak. Os encontros que se têm, de gentes de todo o mundo, com vontade apenas de cantar e dançar, de nos libertarmos da pesadez do dia-a-dia numa noite de gargalhadas quentes por um calor que se mantém de noite, impedindo o uso de mangas compridas até neste período. Expresso Bar, Paddy's e a famosa Bounty, entre outros. E a dança com o "little Bob", ou pelo menos, assim o chamávamos nós.
Da gastronomia. Boa! Deliciosa! Asiática... com o seu travozinho picante, as suas múltiplas cores e os seus sabores intensos. E aqueles sumos naturais... como sabiam bem, fresquinhos, todos os dias.
Dos táxis, cada dia mais baratos, à medida que aprendíamos a regatear melhor.
Dos "Putos", nome comum para muitos homens por lá. E daquele "Puto" em especial, que nos deu boleia (paga, claro!, mas baratinha!) quando andávamos totalmente perdidas em Kuta. Obrigada Puto!
Das lojas de surf em cada rua e em cada esquina, com preços bem mais baratos que as de Portugal... se vivesse lá, vestia-me com aquelas marcas!
Do "Banana Boat", after sun, de Aloe Vera. Fresquinho, macio e que não arde, mesmo em peles sensíveis... e acreditem, as nossas estavam!
Dos templos, de calma e meditação, no meio dos lagos, do mar, da selva. Onde a água sagrada purifica e onde só podemos andar de pareo, para tapar as partes impuras do nosso corpo. Onde as mulheres menstruadas, por isso também impuras, se banham depois do periodo de menstruação, para se purificarem de novo e poderem entrar novamente à zona interna do templo. Onde todos os dias se dirigem várias pessoas, crianças, adultos e idosos, com as suas ofrendas aos deuses.
Dos sorrisos das pessoas, sempre prontos, sempre presentes, sempre simpáticos. Um povo extremamente acolhedor, calmo e simples.
De nós, juntas mais uma vez, numa grande aventura. É bom partilhar momentos bons com pessoas boas, que nos fazem bem. Amigas.
De tudo.
Agora ficam as saudades, vontade de voltar e a eterna questão: o mundo é demasiado grande para ficármos presos ao nosso cantinho. Bali foi bom e mais um cantinho deste pedaço de universo que nos foi revelado.
E agora, de novo, aqui...