Sunday, August 31, 2014

Que ressoem como tambores desfrenados... e que não fechemos os olhos.

Retomo a escrita neste blog hoje porque sinto necessidade de falar sobre alguns temas actuais da nossa sociedade. Não sei com que frequência voltarei, mas este blog é aquele cantinho onde eu falo, onde me expresso, onde debato ideias comigo mesma em palavras escritas. E, às vezes, preciso mesmo de o fazer. Venho falar do que se tem passado por esse mundo fora no que a guerras e conflitos armados diz respeito. São muitos, demasiado frequentes, profundamente absurdos. E destaco o conflito no Iraque porque quero falar do "Estado Islâmico", esse grupo de pessoas que se intitulam portadores da vontade de um ser superior, justificando assim os seus actos. Tenho lido um pouco sobre o assunto, porque até mim chegaram fotografias e vídeos que não posso ignorar. Gente matando gente, a sangue frio, sem olhar para trás. Pessoas a enterrar vivas outras pessoas. Indivíduos a decapitar indivíduos. Seres humanos a agrupar seres humanos numa vala comum e a disparar sobre eles várias vezes. Corpos caídos e ensanguentados, mortos... muitas vezes, ainda assim, desrespeitados e ignorados. Como é possível? Alguém disse uma vez que "não podemos deixar de falar do Holocausto porque cairá no esquecimento e tudo se repetirá novamente"... o que está a acontecer hoje, agora, neste preciso momento, no Iraque? Que atitudes são estas? Que comportamentos?... Em que é isto diferente do que foi feito há umas décadas contra os judeus? Há uns séculos com a Santa Inquisição? Em que são diferentes estes ideais? "Luta-se" (chacina-se...) por uma raça/religião/crença superior... uma ideia que se considera a única real, a única verdadeira. Tudo o resto não é aceite, ponto final. Todo aquele que não concorda, que se pronuncia contra, que não defende os mesmos princípios, é infiél e não merece viver. Assustador?... Muito! Assim como é assustador perceber que não são assim tão poucos aqueles que os apoiam por esse mundo fora. E nós, europeus, não somos diferentes. No meio daquilo que é considerado um mundo civilizado há quem dê a cara por esta "causa". Mas, e para terminar, achamos realmente que a ascenção cada vez mais evidente dos grupos de extrema direita ao poder por essa Europa fora não é já um sinal de alerta?... Que ressoem em nós as memórias de todos os massacres e de todas as chacinas que estudamos nas aulas de História e sobre os quais vemos documentários e, ainda hoje, muitos anos depois, nos chocam... que ressoem como tambores desfrenados... e que não nos saiam da cabeça. Não podemos permitir que tudo se repita. Não podemos fechar os olhos e ignorar.