Thursday, November 24, 2011

Tempos difíceis estes...

No rescaldo de um dia de greve geral num país à beira do abismo... esse poderia ser o título deste post. Decidi não fazer greve porque, apesar de no passado sempre ter participado nas greves e ser uma acérrima defensora das mesmas, como direito que temos para expressar o nosso descontentamento e usufruir da nossa liberdade de expressão, acredito que este não seja o momento para tal. Nada se vai conseguir a partir dela, pois neste momento não existe margem para concessões... é discutível se os cortes são feitos a todos de igual maneira... eterna questão, eterna dúvida, eterna revolta. Mas estamos num buraco onde um dia de paragem na produção do país não traz qualquer benefício aos seus cidadãos. E receio a violência, os piquetes que, a meu ver, defendendo a liberdade de se manifestarem, condicionam a liberdade de outros que decidem não o fazer... receio aqueles grupos que surgem sempre nestes momentos de instabilidade e que lançam o caos numa sociedade frágil, com ideias de anarquismo, xenofobia, racismo, ou de luta pela força física. O panorama assusta... ontem referiste, após regresso do teu trabalho, que não esperavas cruzar-te com aquela realidade.... voltar a ver na rua tantas crianças/jovens ligadas à prostituição... Um, dos muitos aspectos, onde esta degradação socioeconómica se irá sentir, e que exige uma boa, e precoce, intervenção social. Eu irei, provavelmente, ver cada vez mais famílias incapazes de suportar os encargos de uma pessoa doente e dependente e chocaremos de frente com a disparidade entre as necessidades de respostas para estas situações e a oferta de recursos disponível... reflectindo-se num aumento dos casos sociais internados no hospital, com o consequente "entupimento" de vagas no mesmo, numa altura em que se pretende reduzir, e muito, o número de camas disponíveis para internamento; ou altas dadas sem que estejam garantidas as condições básicas para o bem-estar do utente após a mesma. Tempos difíceis estes...

Friday, November 18, 2011

Sunday, November 6, 2011

Não queria que se perdesse... aqui fica guardada.

"Não me peças palavras, nem baladas, nem expressões, nem alma (...) Na tua boca sob a minha, ao meio, nossas línguas se busquem, desvairadas (...) E em duas bocas uma língua... - unidos, nós trocaremos beijos e gemidos, sentindo o nosso sangue misturar-se. Depois... - abre os teus olhos (...) enterra-os bem nos meus; não digas nada... Deixa a vida exprimir-se sem disfarce." (aperto cá dentro, a lágrima que se abeira nos olhos, a saudade que não quero sentir...)
Porque não só nos devemos queixar quando traz más notícias... hoje a balança foi generosa comigo :) E eu estou contente, tranquila e feliz por isso! Pouco a pouco, passo a passo e sem pressas... quebrei hoje uma barreira que há muito tempo não quebrava. E relembro as palavras dele quando, há um ano atrás, me dizia: "se seu corpo não é esse, vai ver que ele vai voltar a ser o que era". Sem tornar isto o foco essencial da minha vida, razão pela qual raramente me ponho encima de uma balança, a verdade é que ontem fiquei curiosa, porque os comentários sobre ter emagrecido desde o último encontro foram vários. Sem dietas e restrições alimentares, que feliz ou infelizmente, isso não é comigo, o exercício físico tem sido fundamental. Esperando manter-me neste caminho, tranquila e sem grandes angústias face a esta questão. E aprendendo a amar e conviver bem com o que vejo ao espelho, quando me vejo nele...

Saturday, November 5, 2011

Carregada de um peso inimaginável, ela é assim. Chega, mostra-se, põe um ponto final definitivo na vida. São então um corropio infindável de memórias, saudades dos momentos passados em conjunto. Ainda que precedida de uma doença que a fazia esperada é sentida sempre como repentina. E ainda que "de outros", transporta-nos para aquelas que foram as nossas vivências intímas. Carrega-se o peso do luto, da negridão da tristeza que se apodera. Com o tempo, apenas com o tempo, tudo se compõe internamente, mais ou menos, por vezes não tão bem quanto desejaríamos, para perceber algumas coisas. Faz parte da vida, indiscutivelmente. Trata-se de mais uma etapa desta. No entanto, e respondendo à pergunta de outro dia, no carro, que podia parecer "um pouco parva", dizias tu, não nos habituamos propriamente. Sei disso quando, em situações destas, também fico sem saber o que dizer. Importam os abraços, o silêncio que comunica, o olhar e a presença. As palavras, essas, ou não saem ou não expressam nada do que queremos transmitir nestes momentos. Ficamos nós cá, com quem chora a perda. E quem parte... não sei onde fica, mas acredito que fica bem e sempre perto porque a morte definitiva e derradeira acontece apenas, como já escrevi uma vez, quando desaparece a última pessoa que nos lembra.

Wednesday, November 2, 2011

O cheiro é intenso... penetra a pele, a roupa, fica espalhado no ar. Arrepios que percorrem o corpo, o suor na pele pálida. O calor quando lá fora está frio. A luz ténue daqueles pequenos pontos que iluminam o espaço. Sombras curvas. Som suave, que entra no ouvido calmamente, sem pedir licença. Aquele momento em que me calo e não olho mais. Sim, na altura faz-me sentir melhor. Outra língua bonita ecoa, explicando, desculpando-se. Não sei.

Tuesday, November 1, 2011

Cold's arrival...

Sentir aquele friozinho de novo, que nos chama a nos aninhármos na cama por mais tempo. O sol, esse, parece querer estar de partida, e eu já tenho saudades dele. O frio não me incomoda, mas a chuva e o tempo cinzento sim. Gosto da luz a penetrar as ruas da cidade, até os seus cantos mais recônditos. Aquela luz que ilumina o rosto das pessoas que passeiam de um lado para o outro, no simples caminhar de quem desfruta o momento, ou no passo apressado de quem tem para onde ir, com hora marcada. A luz do sol, os raios a penetrar-me a pele clara. O calor que percorre o corpo. Algo nessa luz, nesse calor, põe um sorriso no rosto da maioria das pessoas que se desvanece subitamente perante um céu cinzento, um ambiente escuro, o silêncio do Inverno e das ruas vazias de pessoas que se escondem em casa. Vemos então pessoas mais carrancudas, de cara fechada, olhar triste. As discussões surgem mais facilmente, os nervos encontram-se mais à flor da pele. As roupas tornam-se maiores e mais pesadas, cubrindo todo um corpo que, em determinadas ocasiões, se quer mostrar e tem mais dificuldade em fazê-lo. Mas surgem também as botas, a possibilidade de utilizar gorros, os casacos mais fofos e mais aconchegantes... até não desgosto desta parte. Mas em geral, o sol e o verão fazem-me falta, todos os dias em que não estão presentes.