Thursday, April 26, 2007

Waiting on the world to change...

Concluo às vezes que o mundo que me rodeia tem tanto para me dar, que muito me escapa. Quero absorver tudo, aproveitar cada inspiração. Quero um dia poder dizer que vivi num mundo que conheço, que é um pouco meu. Sim Joana, vamos viajar! Vamos conhecer, ver, sentir, tocar. Pessoas novas, mundos novos, culturas totalmente diferentes e belas. Vamos! Sem hesitações.
É talvez por sentir isto que não compreendo como hoje em dia ainda é possível existir quem acredite na "supremacia duma raça", num único tipo de pessoas com a qualidade para fazer este mundo girar... para mim, existe uma raça apenas, a humana. E muita, muita variedade de pensamentos e ideias, de formas de estar na vida, de maneiras de encarar os diversos aspectos do dia-a-dia. Por todas me interesso e quero tentar conhecer o máximo possível. Aprendo sempre um pouco mais cada vez que isto acontece.
Já diz Che, no fim daquele grande filme que é "Diários de Che Guevara", que marca também o fim de uma grande viagem... "eu já não sou eu, pelo menos não o mesmo eu que fui". Sinto-o cada vez que tenho oportunidade de ver um pouco mais deste mundo, seja um bairro novo mesmo aqui ao lado, ou um país distante.
É também por isso que relembro aquele discurso "I have a dream"... e palavras tão poderosas como as que cito a seguir, e tão actuais, apesar dos anos que passaram e de tudo o que supostamente mudou...
"Now is the time to lift our nation from the quicksands of racial injustice to the solid rock of brotherhood. (...) I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: "We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal." (...) I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character. I have a dream today! (...) I have a dream that one day (...) little black boys and black girls will be able to join hands with little white boys and white girls as sisters and brothers. (...)"
E por isso quero conhecer este mundo. Por isso amo "saltar o muro". Por isso tantas e tantas experiências em estágio e agora, em trabalho, são tão importantes para mim.
Lembro então, por fim, aquela música... e também eu fico à espera (tentando fazer a minha parte...)
We're still waiting
Waiting on the world to change
We keep on waiting
Waiting on the world to change
One day our generation
Is gonna rule the population
So we keep on waiting
Waiting on the world to change
No we keep on waiting
Waiting on the world to change
amanhã mais um país...........
amanhã mais cultura............
amanhã mais diversidade.....
HOJE NÓS, UNIDOS.
porque só existe um mundo,
e só existimos nós,
PEOPLE OF THIS WORLD..

Tuesday, April 24, 2007

Até já... porque não quero dizer adeus.

E mais um anjo que nos deixa na terra, mas nos aguarda noutro local.
As pessoas boas desaparecem, como as más. A morte não escolhe.
Lembro aquelas aulas, aquela abordagem da Enfermagem, aquela forma de ver a vida. VIVE O AQUI E O AGORA, dizia.
As suas mãos enrugadas, os seus braços meigos, o seu abraço apertado. O seu corpo já velho, o seu espírito sempre novo. A forma como se sentava connosco no chão, em colchões ou cobertores estendidos, descalça.
Lembro as gargalhadas que provocou. As lágrimas que fez explodir na nossa face. O que remexeu cá dentro. Como me ajudou a encontrar-me, depois de anos perdida, calada, com medo (de mim, do mundo... não sei). Como fez o mesmo com todos e cada um de nós.
Lembro como nos compreendia. Como respeitava o nosso silêncio. Como respeitava a nossa necessidade de falar. Como respeitava os momentos em que cantávamos e ríamos (e cantava e ria connosco). Como proporcionava todos esses momentos.
Não foi em vão que falámos dela no fim do curso, no discurso do 4 CLE, na nossa Benção... Não foi em vão que lembrámos as suas aulas. Não foi por acaso que quando o fizemos, uma onda de aplausos surgiu, espontânea.
Não foi por acaso que lhe agradeci na minha monografia.
Não foi por acaso que um nó na garganta apareceu ao ler a mensagem que me dava esta notícia. Não foi por acaso que isto aconteceu com tantas outras pessoas.
Sei que se estivesse aqui, connosco, neste momento, quereria que lembrássemos tudo, com um sorriso, e que as lágrimas fossem substituídas por sorrisos e uma festa. Porque a morte faz parte da vida. Porque sempre gostou que encarássemos isso com a maior naturalidade possível.
Quero que saiba, onde quer que esteja, que gosto muito de si. Que lembramos todos com carinho o que vivemos consigo e a parte de si que deu a cada um de nós.
Leve consigo a certeza, que tenha sido 1, 2 ou 5 aulas apenas, foram muito marcantes todos os momentos que partilhámos com a professora.
Obrigada por tudo.
Uma boa viagem professora Arlete...