Tuesday, September 18, 2012

Gerês.

Aproveitando ter chegado mais cedo ao trabalho, sento-me a escrever um pouco neste meu espaço... e escolho falar de uns dias passados no Gerês. Lugar de um encanto indescritível, foi sempre um recanto do país que quis conhecer. E contigo (como não?) parti à sua descoberta. É um local repleto de verde, até perder de vista, e do silêncio que apenas a natureza no seu estado mais puro pode oferecer... silêncio apenas quebrado pelo som de animais, do vento que sopra entre as árvores ou da água que corre por rios e riachos e que desce em cascatas de uma beleza rara. Foi acordar e olhar pela janela para um santuário lindíssimo... ser recebidos pela equipa jovem e simpática do hotel... e ir passear. Foi andar a pé, andar de carro, tomar banho aqui e ali, comer comida boa (e um viva à gastronomia portuguesa!)... Foi sentir-me livre, calma, tranquila... Foi ter-te sempre a meu lado e, para variar, adorar cada segundo... Foi fazer trilhas e tentar fazer trilhas... Foi quase ficar sem carro e ver como um aglomerado de pessoas se pode juntar para ajudar outras pessoas, sem mais, apenas porque sim... e sentir como apaziguas o meu nervosismo sem grandes complicações. Foi inspirar fundo e tentar absorver a energia de cada lugar com a certeza de sair renovada a cada inspiração... olhar à volta e não conseguir verdadeiramente acreditar que, a tão pouca distância do meu dia-a-dia, se pode encontrar um lugar assim... Foi, uma vez mais, concretizar um sonho contigo, de forma tão natural, e criar mais boas memórias e recordações contigo...

Wednesday, August 22, 2012

Quando disse que um dia chegaria o meu dia, não sabia que seria agora e contigo, mas como te disse, era esta sensação de paz e tranquilidade que imaginava... Sinto-me preenchida, completa, feliz... a loucura da paixão ferve dentro de mim mas apaziguada pela brisa de um amor forte, sem prazos de validade, sem limites para acontecer, sem tabus. Saudade dura mas boa de sentir...

Tuesday, August 21, 2012

Viagens...

Monday, August 20, 2012

Como é bom alguém nos dizer "vou contigo até casa"... sentirmo-nos acompanhadas, sentirmos que estamos lado a lado, bem juntos... sentir a proximidade, o carinho, a cumplicidade... ouvir-te como quem te vê... e, no final de contas, estármos separados por centenas de kilómetros... Que bom sentir tudo isso mesmo....

Friday, August 17, 2012

...

Pensando(-nos)...

Pensando(-nos)... e relembrando um texto antigo:
... gosto de ver o teu rosto desenhado à luz da lua numa praia praticamente só nossa... numa noite de verão.
... gosto dos nossos rostos retratados numa fotografia, emanando a alegria de estarmos juntos.
... gosto de nós, aquecidos pelos raios de um sol que se põe numa praia quase deserta também.
... gosto da tranquilidade que me dás, da paz que sinto junto a ti.
... gosto do que me dizes, olhando-me olhos nos olhos, sustendo o meu rosto entre as tuas mãos.
... gosto das nossas mãos dadas, apertando-se entre si, garantindo estarem lá uma para a outra.
... gosto dos nossos beijos, abraços, toques.
... gosto de passear contigo, ver novos lugares, revisitar outros.
... gosto de petiscar contigo e trabalhar para manter aquele "O" pelo qual temos tanto carinho.
... gosto de sorrir contigo mas também de poder chorar contigo.
... gosto de como me chamas, de me sentir tão mais bonita assim.
... gosto de te dar e de receber.
... gosto de um bom Magnum partilhado contigo.
... gosto de te ver e de que me vejas.
... gosto de nós, do que somos juntos, do que queremos continuar a ser.
... gosto das batalhas que travámos e ganhámos juntos, mesmo as mais difíceis.
... gosto da descoberta incessante e de me surpreender a cada dia.
... gosto do que encontrei junto a ti e pensava já perdido para sempre.
... gosto de poder ser feliz, sem receio.
... gosto de te sentir feliz e inteiro também.
... gosto de ti, sem qualquer "mas..." associado.

O livro da nossa história.

Permitir que alguém nos puxe e nos agarre... e não nos largue mais. A sensação de ser olhada com amor, de ser abraçada fortemente, de ser beijada com sabor a adolescência mas com forma adulta. O nosso encontro foi inevitável. O medo que senti dele tremendo. Naquele dia, ao som de música boa, quebrámos barreiras, transpusemos muros e criámos coragem para enfrentar o mundo... juntos. Não nos cansamos de (re)ver a nossa história. Dançando, comunicámos um com o outro, sem que da nossa boca saísse uma palavra. Falavam os corpos colados que se mexiam na noite, e não era preciso mais nada. Lá, noutro país, noutros mares, noutras ruas... decidimos trilhar este caminho lado a lado. Voltar foi duro mas também demasiado bonito. Perceber que tudo não passava de uma frase terminada com reticências, dando espaço a um enorme texto que vai surgindo, todos os dias, carregado de histórias para contar, de momentos vividos, de palavras trocadas. Vamos criando, deste modo, o nosso próprio livro... e dele somos personagens, autores e editores. Agora que nos separam alguns longos kilómetros, sinto a falta de te ter a meu lado... e nesse livro surgem apenas as palavras "até já... meu amor".

Tuesday, May 8, 2012

Artigo de Cristina Galvão no Expresso de 5/5/2012

 "O comentário de Miguel Portas sobre os cuidados de enfermagem de que foi alvo foi uma das mais significativas homenagens que se podem fazer a um grupo profissional. O senhor Miguel foi há cerca de um ano operado a um cancro do pulmão. Saudável e autónomo até aí, pela primeira vez na sua vida esteve internado num hospital, cuidado por terceiros. Ficou surpreso com os cuidados de que foi alvo e manifestou-o publicamente após a alta hospitalar. Referiu que com surpresa constatara que se fala muito do trabalho dos médicos, mas que a verdadeira alma de um hospital são os enfermeiros. Presentes e próximos dos doentes vinte e quatro horas por dia, o seu cuidado e atenção são fundamentais para o bom funcionamento dos serviços, para a qualidade do atendimento, para o bem-estar dos doentes. E dá tanto, diariamente, nos hospitais e na comunidade. Na mesma semana da morte de Miguel Portas, a comunicação social deu ênfase a uma notícia sobre a Linha Saúde 24: o atendimento telefónico de enfermagem e as mais-valias que representa no aconselhamento em saúde e opções de recurso aos serviços de saúde em caso de doença súbita. Feito por enfermeiros com formação adequada para este tipo de intervenção, a linha telefónica Saúde 24 evita por mês cerca de 25 mil deslocações desnecessárias às urgências hospitalares. O seu trabalho faculta orientações que permitem a quem telefona cuidar de si mesmo, protelar para o dia seguinte uma consulta no seu centro de saúde ou, quando tal se justifica, uma referenciação dirigida para a instituição de saúde mais adequada a tratar a situação em causa. Se considerarmos que a maior parte das situações que recorrem a um serviço de urgência poderia ser atendida de forma adequada nos cuidados de saúde primários e que os custos de uma ida a um serviço de urgência são completamente distintos dos de um recurso à consulta do médico de família no centro de saúde da área de residência, com benefícios acrescidos para o doente, o trabalho realizado pelos enfermeiros da Linha Saúde 24 nos últimos cinco anos constitui uma significativa mais-valia para a saúde das populações e para a economia do país. Num e noutro caso os louros são devidos a um grupo profissional muito próximo das populações com quem e para quem trabalha, nos cuidados de saúde primários ou nos hospitais. Um trabalho frequentemente pouco valorizado a nível social e pela tutela e mal pago no serviço público. Uma profissão com competências próprias e grande capacidade de organização e realização de trabalho. Bem-haja aos enfermeiros portugueses."

Monday, May 7, 2012

Enquanto enfermeira deparo-me todos os dias com dor e sofrimento e lido frequentemente com a morte ou a sua proximidade. Não querendo parecer "fria", uma pessoa de certo modo acostuma-se e aprende a compreender a naturalidade de todo o processo e a sua inevitabilidade. Mas, nem sempre é assim. Porque nem todas as mortes são tranquilas. E aí, sim, tudo muda... Hoje tive um dia difícil enquanto enfermeira. Hoje não contive as lágrimas enquanto o acompanhava porque a sensação de impotência foi devastadora. Não suporto ver pessoas a morrer com falta de ar, com dificuldade respiratória, com sensação de asfixia. São normalmente aquelas pessoas que nos últimos momentos nos colocam as perguntas mais difíceis, que mais conscientes estão de tudo, que não conseguem sentir-se bem de modo algum. Revolta-me ter estado nesta situação demasiado tempo quando existem formas de o aliviar. Revolta-me ter estado a seu lado, de mão dada, enquanto o tentava acalmar, garantindo que não estava sozinho... e apenas me dizia que não conseguia ficar calmo porque não conseguia respirar. Revolta-me que tenha estado assim mais de uma hora, enquanto o sangue lhe invadia os pulmões e o impedia de respirar. Revolta-me que apenas depois desse tempo a terapêutica adequada tenha sido posta em curso e finalmente, tenha conseguido ficar tranquilo, na companhia de quem toda uma vida permaneceu a seu lado, mesmo após a separação. Depois de tudo apenas algo me aliviou a sensação de vazio... saber que nunca esteve sozinho. Saber que quando apertava a minha mão à procura de algo, encontrou esse algo. E que quando eu lhe dizia "não se preocupe, não está sozinho", a sua mão apertava mais forte. Sinto que precisava da minha/nossa presença, e que estivemos lá. Mas como disse ao dr. P. no final, tudo se devia ter iniciado mais cedo... sem sujeitármos a pessoa a todo aquele sofrimento. Sei, através de uma colega, que até há cerca de 2 horas ainda estava entre nós, mas mantendo-se tranquilo. Espero que parta em paz e sem mais sofrimento. Obrigada por o que me deu, como tantos outros, sem se aperceber. Aprendemos às vezes com experiências que nos são intimamente muito difíceis... Hoje foi um desses dias.

Wednesday, April 25, 2012

Se pudesse... agarrava-te e não te largava mais.

Monday, April 2, 2012

Porque às vezes cuidar do outro é algo inato, sem cursos, sem diplomas... porque não interessa a origem mas o objectivo e o fim... porque as relações entre dois seres humanos são relações entre dois seres humanos... porque convém esquecer por vezes o que o outro não é capaz de fazer, as limitações que tem, para então permitir que desenvolva todas as suas potencialidades... porque brincar e rir com "assuntos sérios" ajuda a relativizar tudo e aprender a conviver com o que é inevitável... porque há coisas simples que são complexas... porque o limite está naquilo que não tentamos fazer... porque os actores são fabulosos e desempenham papéis extraordinários... porque a história é magnífica... porque o filme nos prende desde o primeiro segundo... por tudo isto, recomendo. Delicioso do princípio ao fim. Um aplauso ao cinema francês.

Sunday, March 25, 2012

Às vezes, pensar um pouco fora do que é o nosso padrão diário de comportamento permite-nos viver pequenos grandes momentos que nos marcam e nos fazem pensar na vida...


Ela, sem abrigo. Eu, levada literalmente pela expressão "mais olhos que barriga" compro comida a mais no Pingo Doce para uma fome que não precisava de tanta coisa para ser saciada. Olhá-la, aproximar-me, falar com ela. Oferecer... esperando que não leve a mal. Sair com um suspiro, rumo ao meu destino final, pensando como naquele dia o estômago dela poderá ficar um pouco menos vazio... com algo tão simples.
É aquele olhar. Aquele "nem penses" que me puxa para ti e não me deixa virar a cara. É o meu silêncio que diz tudo e o que digo também por palavras. O teu pedido de desculpa. E depois é tudo o resto. Como são bons aqueles momentos em que não me apetece descolar-me de ti. Como é fantástico o improviso, a descoberta, a novidade. A maravilha de arriscar um pouco, de me deixar ir, de perder o controlo... e, ao mesmo tempo, o encontrar-me novamente.

Sunday, March 4, 2012

Oskar Schell: "If things were easy to find..."


Thomas Schell: "They wouldn't be worth finding."



Cheguei a casa após ver este filme. De sorriso na cara, com emoção contida. Um filme tão simples e tão complexo. No fundo, sobre aquele dia que mudou o mundo e mudou, para sempre, a cidade de Nova Iorque. A morte de um pai que era amigo, companheiro de aventuras, que era tudo para aquela criança - "I know now that I can live without you...". As palavras que se escutam várias vezes ao longo do tempo... as últimas palavras, o telefone que não se atreveu a levantar. A aventura do encontro de uma fechadura onde aquela chave coubesse... no fundo, a procura dele, que partiu, e que não estava disposto a aceitar que tinha perdido. O encontro daquela outra pessoa, começo de tudo, que esteve ausente tanto tempo... - "Yes... No...", por escrito, em mímica facial, em olhares e sorrisos cúmplices, em mãos tatuadas. Os gestos iguais, as conversas silenciosas que dizem tanto. O encontro de tantos e tantos rostos, inúmeras histórias... as "cores" da cidade, a multiculturalidade daquele sítio onde se encontra gente de todo o mundo... e onde todos, de um modo ou outro, perderam algo com o 11 de Setembro. A inteligência e inocência de uma criança, o superar de medos... A criação de um livro que mostra uma aventura. A imagem do corpo a cair... E o (re)encontro com aquela mãe... aparentemente perdida, e afinal tão presente. Uma forma inteligente e brilhante de retratar um acontecimento historicamente demasiado avassalador, fazendo lembrar um pouco aquele outro filme, A Vida é Bela, e a forma como um outro acontecimento histórico de consequências devastadoras para a Humanidade, é retratado sob o olhar de um jogo de criança.

Recomendo a quem possa ver e a quem não possa, recomendo que faça por poder. Encheu-me as medidas.

Tuesday, February 14, 2012

Mais um dia 14 de Fevereiro... aquele dia onde só se vê corações nas montras, ursinhos de peluche por todo o lado, casais a sair para jantar nos múltiplos restaurantes da cidade... aquele dia que dizem ser o dia do amor. Sim, como a grande maioria das pessoas, poderia dizer: "não ligo nenhuma... mais um dia para o capitalismo". Pois sim, mas quando não se pode partilhá-lo com alguém com quem tal faça sentido, isso mexe connosco. E a verdade, é que se ninguém ligasse os restaurantes não estariam cheios, em casa não se preparariam jantares especiais e nas lojas não se comprariam prendas para o companheiro/a. Não quero saber das prendas... mas quero os beijos, a partilha, os abraços, as palavras, os olhares. E este ano, como tantos outros, não o vou ter. E hoje, um dia ainda mais especial, porque sim... porque me traz boas memórias... me lembra um começo de algo. E estou sozinha. E vou trabalhar mais logo. E quero que o dia acabe rapidamente porque gostava que "alguém" compreendesse mas não me parece que isso aconteça.


Why is love not enough?...

Saturday, January 14, 2012

Quanto mais conheço algumas pessoas e algumas histórias de vida, mais me apaixono pelo ser humano. Pela complexidade dos nossos pensamentos, da nossa forma de sentir, de amar, de ultrapassar obstáculos inimagináveis... É verdade que também me desiludo, também me choca o que as pessoas são capazes de fazer, a maldade que conseguem carregar dentro de si. Mas o ser humano fascina-me...

Sunday, January 8, 2012

Apetece-me falar de si. Com períodos de um trato rude, de protesto com os cuidados recebidos ou com a desorganização do serviço, tudo acalmava quando recebia um pouco de atenção e alguém conversava um pouco consigo. A sua doença, em estadio terminal, "comia-lhe" o sangue que lhe dávamos a uma velocidade exasperante e os benefícios que as transfusões lhe traziam duravam apenas alguns dias... dias esses em que se sentia revigorado, cheio de energia e força, acreditando que tudo poderia ficar bem. Numa das nossas conversas falou-me dos seus gatos. Notei no seu tom uma saudade imensa, um amor não mensurável, um desejo enorme de os ver. Falei com a equipa. Podíamos propôr à família que trouxesse os gatos até ao serviço mas o senhor, quando confrontado com essa ideia, disse logo que lhe parecia difícil, porque achava que nem a filha nem o neto conseguiriam apanhá-los para os pôr no meio de tranporte adequado. Nova conversa, desta vez multidisciplinar. Quando parar em relação a este senhor? Ainda que as transfusões acarretassem benefícios, eram a demasiado curto prazo e o sangue é um bem essencial que não pode ser usado sem critérios. A decisão: última transfusão, para permitir que o senhor recuperasse o "fôlego" para se deslocar na companhia da família a casa e passar o dia com os gatos. Algo aparentemente tão banal, tão irrisório. Regressou com um sorriso que nunca lhe tinha visto. Ainda que sempre tenha sido difícil para si compreender que a sua morte estava perto (negação talvez, de um prognóstico que ninguém quer para si...) algo parecia prendê-lo cá. Aquele sorriso emanava calma, tranquilidade, ponderação. Dois dias depois regressou em força o cansaço, a diminuição da força... e tinha chegado o momento de parar. Não mais sangue, como se tinha decidido. Apenas medicação para quem, demasiado consciente de tudo o que se passava à sua volta, via o momento final a aproximar-se... evitando dor, evitando dificuldade respiratória... Tudo se passou rapidamente, muito mais rapidamente do que qualquer um de nós estava à espera. E calmamente... Creio que fez a sua despedida, concretizou o seu último desejo. E na companhia de uma família que, durante algum tempo, teve atitudes que são difíceis de entender... mas que também "quebrou" perante o carinho que, creio, se apercebeu que lhe demos durante o seu internamento. O seu sentido para a vida foi, sem dúvida alguma, também o sentido para uma serenidade na morte.

Wednesday, January 4, 2012

O que dizem os meus olhos?...