Monday, December 26, 2011

Natal... no hospital.

Ser enfermeira acarreta algumas coisas menos positivas. Ter de fazer turnos que nos alteram rotinas e o próprio organismo, que não sabe se é hora de dormir, acordar, comer ou trabalhar... é uma delas. Outra, e para mim, a pior de todas, implica que em determinadas datas festivas, que toda a minha vida passei em família, tal como o Natal, eu posso ter de trabalhar. Este ano aconteceu isso. E não foi nada fácil. Entrei às 15h de dia 24 e terminei o trabalho às 9h de dia 25. A tarde foi de muito trabalho, mas permitiu ainda sentir algum do espírito natalício... no entanto, a noite trouxe consigo muita tristeza, muita azáfama, um pequeno grande caos... e trouxe consigo também a morte, tão pouco desejada, e acompanhada de muito sofrimento, com imagens que acho, não vou esquecer tão cedo... as lágrimas vieram-me aos olhos por várias vezes durante a noite e tudo o que me apetecia era o calor da minha casinha e a companhia de quem quero bem... família e amigos. Valeu mesmo estar a trabalhar com uma colega que, antes de mais, é também amiga, e ver alguns sorrisos bons de um ou outro doente que desfrutaram de uma rabanada ou de uma saída rápida do serviço para um jantar com os amigos... "e foi o melhor jantar da minha vida", dizia... (ainda bem!)
Hoje alguém me (re)lembrou deste meu espaço... não que o tivesse esquecido, apenas não sabia bem o que queria escrever. Tenho tido uns dias algo agitados, com bastante trabalho, bastante bom convívio, bastante Capoeira... e tem sobrado pouco tempo para ficar em casa e tirar o tempo para escrever aqui. Hoje foi um dia bom, tranquilo, de passeio e cinema. Sentiu-se a moleza no ar, algum cansaço... mas o dia estava bonito, o sol radiante, daqueles dias de Inverno, frios, mas repletos de luz. E regressei a um local que me é tão querido e do qual tinha saudades... a serra da Arrábida. Já não me lembrava do silêncio que a envolve, da tranquilidade, daquela vista deslumbrante de Tróia... e voltei a apaixonar-me pelo lugar. E viver novamente este paraíso, com mimos, boa companhia, sorrisos e boa conversa, soube a ouro. Uma boa forma de celebrar as datas festivas em que estamos, restabelecer energias e matar saudades tuas, também. E ir ao cinema foi algo que parece que não fazia, igualmente, há muito tempo. Um filme descontraído, o som de dezenas de pessoas a comer pipocas, tu e eu. Temos de o fazer mais vezes.

Thursday, December 1, 2011

A família veio em peso. Apenas alguns dias após a sua morte, de lágrimas nos olhos, face triste, ombros carregados pelo peso da sua ausência. Mas vieram, porque faziam questão de agradecer a toda a equipa o apoio, os cuidados prestados. Um nó na garganta e a minha incapacidade para dizer muito mais para além de lhe apertar a mão. Não partilhamos a dor da mesma maneira, mas recordamos ao vosso lado os seus últimos momentos. E relembro aquele pequeno toque na testa que lhe dei, procurando uma resposta à minha pergunta que não tinha chegado no tempo previsto. A forma como esse pequeno toque nos permitiu comunicar e fez sorrir a sua família, por momentos.

Thursday, November 24, 2011

Tempos difíceis estes...

No rescaldo de um dia de greve geral num país à beira do abismo... esse poderia ser o título deste post. Decidi não fazer greve porque, apesar de no passado sempre ter participado nas greves e ser uma acérrima defensora das mesmas, como direito que temos para expressar o nosso descontentamento e usufruir da nossa liberdade de expressão, acredito que este não seja o momento para tal. Nada se vai conseguir a partir dela, pois neste momento não existe margem para concessões... é discutível se os cortes são feitos a todos de igual maneira... eterna questão, eterna dúvida, eterna revolta. Mas estamos num buraco onde um dia de paragem na produção do país não traz qualquer benefício aos seus cidadãos. E receio a violência, os piquetes que, a meu ver, defendendo a liberdade de se manifestarem, condicionam a liberdade de outros que decidem não o fazer... receio aqueles grupos que surgem sempre nestes momentos de instabilidade e que lançam o caos numa sociedade frágil, com ideias de anarquismo, xenofobia, racismo, ou de luta pela força física. O panorama assusta... ontem referiste, após regresso do teu trabalho, que não esperavas cruzar-te com aquela realidade.... voltar a ver na rua tantas crianças/jovens ligadas à prostituição... Um, dos muitos aspectos, onde esta degradação socioeconómica se irá sentir, e que exige uma boa, e precoce, intervenção social. Eu irei, provavelmente, ver cada vez mais famílias incapazes de suportar os encargos de uma pessoa doente e dependente e chocaremos de frente com a disparidade entre as necessidades de respostas para estas situações e a oferta de recursos disponível... reflectindo-se num aumento dos casos sociais internados no hospital, com o consequente "entupimento" de vagas no mesmo, numa altura em que se pretende reduzir, e muito, o número de camas disponíveis para internamento; ou altas dadas sem que estejam garantidas as condições básicas para o bem-estar do utente após a mesma. Tempos difíceis estes...

Friday, November 18, 2011

Sunday, November 6, 2011

Não queria que se perdesse... aqui fica guardada.

"Não me peças palavras, nem baladas, nem expressões, nem alma (...) Na tua boca sob a minha, ao meio, nossas línguas se busquem, desvairadas (...) E em duas bocas uma língua... - unidos, nós trocaremos beijos e gemidos, sentindo o nosso sangue misturar-se. Depois... - abre os teus olhos (...) enterra-os bem nos meus; não digas nada... Deixa a vida exprimir-se sem disfarce." (aperto cá dentro, a lágrima que se abeira nos olhos, a saudade que não quero sentir...)
Porque não só nos devemos queixar quando traz más notícias... hoje a balança foi generosa comigo :) E eu estou contente, tranquila e feliz por isso! Pouco a pouco, passo a passo e sem pressas... quebrei hoje uma barreira que há muito tempo não quebrava. E relembro as palavras dele quando, há um ano atrás, me dizia: "se seu corpo não é esse, vai ver que ele vai voltar a ser o que era". Sem tornar isto o foco essencial da minha vida, razão pela qual raramente me ponho encima de uma balança, a verdade é que ontem fiquei curiosa, porque os comentários sobre ter emagrecido desde o último encontro foram vários. Sem dietas e restrições alimentares, que feliz ou infelizmente, isso não é comigo, o exercício físico tem sido fundamental. Esperando manter-me neste caminho, tranquila e sem grandes angústias face a esta questão. E aprendendo a amar e conviver bem com o que vejo ao espelho, quando me vejo nele...

Saturday, November 5, 2011

Carregada de um peso inimaginável, ela é assim. Chega, mostra-se, põe um ponto final definitivo na vida. São então um corropio infindável de memórias, saudades dos momentos passados em conjunto. Ainda que precedida de uma doença que a fazia esperada é sentida sempre como repentina. E ainda que "de outros", transporta-nos para aquelas que foram as nossas vivências intímas. Carrega-se o peso do luto, da negridão da tristeza que se apodera. Com o tempo, apenas com o tempo, tudo se compõe internamente, mais ou menos, por vezes não tão bem quanto desejaríamos, para perceber algumas coisas. Faz parte da vida, indiscutivelmente. Trata-se de mais uma etapa desta. No entanto, e respondendo à pergunta de outro dia, no carro, que podia parecer "um pouco parva", dizias tu, não nos habituamos propriamente. Sei disso quando, em situações destas, também fico sem saber o que dizer. Importam os abraços, o silêncio que comunica, o olhar e a presença. As palavras, essas, ou não saem ou não expressam nada do que queremos transmitir nestes momentos. Ficamos nós cá, com quem chora a perda. E quem parte... não sei onde fica, mas acredito que fica bem e sempre perto porque a morte definitiva e derradeira acontece apenas, como já escrevi uma vez, quando desaparece a última pessoa que nos lembra.

Wednesday, November 2, 2011

O cheiro é intenso... penetra a pele, a roupa, fica espalhado no ar. Arrepios que percorrem o corpo, o suor na pele pálida. O calor quando lá fora está frio. A luz ténue daqueles pequenos pontos que iluminam o espaço. Sombras curvas. Som suave, que entra no ouvido calmamente, sem pedir licença. Aquele momento em que me calo e não olho mais. Sim, na altura faz-me sentir melhor. Outra língua bonita ecoa, explicando, desculpando-se. Não sei.

Tuesday, November 1, 2011

Cold's arrival...

Sentir aquele friozinho de novo, que nos chama a nos aninhármos na cama por mais tempo. O sol, esse, parece querer estar de partida, e eu já tenho saudades dele. O frio não me incomoda, mas a chuva e o tempo cinzento sim. Gosto da luz a penetrar as ruas da cidade, até os seus cantos mais recônditos. Aquela luz que ilumina o rosto das pessoas que passeiam de um lado para o outro, no simples caminhar de quem desfruta o momento, ou no passo apressado de quem tem para onde ir, com hora marcada. A luz do sol, os raios a penetrar-me a pele clara. O calor que percorre o corpo. Algo nessa luz, nesse calor, põe um sorriso no rosto da maioria das pessoas que se desvanece subitamente perante um céu cinzento, um ambiente escuro, o silêncio do Inverno e das ruas vazias de pessoas que se escondem em casa. Vemos então pessoas mais carrancudas, de cara fechada, olhar triste. As discussões surgem mais facilmente, os nervos encontram-se mais à flor da pele. As roupas tornam-se maiores e mais pesadas, cubrindo todo um corpo que, em determinadas ocasiões, se quer mostrar e tem mais dificuldade em fazê-lo. Mas surgem também as botas, a possibilidade de utilizar gorros, os casacos mais fofos e mais aconchegantes... até não desgosto desta parte. Mas em geral, o sol e o verão fazem-me falta, todos os dias em que não estão presentes.

Wednesday, October 19, 2011

New York

Cheguei hoje de madrugada... como explicar New York???


A cidade que não dorme, que não pára... Cidade de mil luzes e sons, prédios que se não tocam o céu, parecem estar muito perto dele... Local de encontro de culturas, caras diferentes em cada esquina, milhares de tons de pele, línguas variadas escutadas à medida que passeamos pelas suas ruas... e a convivência pacífica. Cada um veste o que quer, penteia-se como quer, pinta-se como quer. E ninguém olha, ninguém comenta, ninguém critica. Cidade de um povo muito amistoso, muito civilizado, muito hospitaleiro. Não estava à espera, mas devo dizer, gostei muito do povo americano... e a outra questão: o que é o povo americano? Quem são os americanos? São brancos, pretos, latinos, chineses... em Nova Iorque todos eles são americanos. Também é uma cidade de muitas lojas, muitas compras, de comércio por todo o lado, a toda a hora. É organização... sabem receber os turistas, sabem como não criar grandes filas em locais que estão sempre cheios de visitantes. É cultura que se respira em todo o lado... a cultura dos musicais, do stand up comedy, da música... e aquela outra, mais urbana, espalhada aqui e ali, para quem quiser ver. É dinheiro, que voa da carteira... não se come barato e mesmo assim, comi apenas uma vez de faca e garfo... É uma estranha sensação de segurança. É o peso do Ground Zero que se sente... o peso daquele dia há já alguns anos atrás, nas placas "In memory of..." espalhadas nos quartéis de bombeiros. É não acreditar como tudo aquilo foi possível ali. São igrejas, muito diferentes das nossas... É o metro, pouco cuidado, onde se atravessa a cidade. São ruas imensas e horas infindáveis a pé... e as consequentes dores. É o cansaço à noite, onde dormir é a única opção. São milhares de fotografias porque, como ela dizia, "o estímulo é muito". São táxis amarelos, milhares de táxis amarelos. E os autocarros escolares, também amarelos. E as ambulâncias, meias quadradas, que vemos nas séries. É o Starbucks para o pequeno-almoço. E são aquelas vistas sobre a cidade que nos deixam sem fôlego... e aqueles parques verdes e os esquilos fofos que por lá andam...


Nova Iorque é uma experiência sensorial e emocional boa, muito boa mesmo. Ponto.

Wednesday, October 5, 2011

A vida prega-me muitas partidas... e, por norma, não me facilita muito as coisas. Questiono-me porque não te conheci noutro contexto, noutro momento... sei lá. Não sei se as coisas seriam diferentes, mas sei que gostaria pelo menos de poder tentar. A ausência, a distância, o silêncio quando gostaria de te ouvir, custam, umas vezes mais que outras, mas custam... Só que depois, quando estamos juntos... não se explica. A forma como me puxas para dormir a teu lado, a forma como nos abraçamos enquanto vemos TV e esperamos que o almoço esteja pronto, a forma como nos divertimos, nos rimos, partilhamos uma série, uma música, algumas fotografias... "gosto de ti... gosto de estar contigo... porquê se gosta? gosta-se e pronto..." ... mas porquê algo que parece tão simples, se torna tão complicado? Queria poder ver-te, beijar-te, tocar-te e estar contigo sempre que me apetecesse, nos apetecesse...
Life is...

Saturday, September 24, 2011

"Vou voltar a comer pela boca? Assim, nunca mais poderei ser normal." Hoje perguntou-me isto, enquanto agarrava a minha mão e a apertava. A sonda que tem colocada, que permite acesso directo ao estomago para a sua alimentação, diminui a probabilidade de fazer infecções respiratórias de repetição. No entanto, compreendo a sua pergunta. Veio para o hospital sem qualquer tubo invasivo colocado e neste momento vê-se com uma PEG e uma traqueostomia colocadas. "Vou ficar agarrado para sempre à cama?" questiona-me também. É então que percebo que desconhece o prognóstico da sua doença. Pergunto-lhe se sabe qual é a sua doença base. Responde-me, sem hesitações, "Esclerose Múltipla". Entendo então que em 5 anos nunca ninguém lhe explicou que esta é uma doença degenerativa e que a perda de capacidade para realizar actividades de vida diárias é uma verdade incontornável. Explico-lhe isso. Como posso não dizer a verdade? A seguir incentivo-o e mostro-lhe que, apesar de tudo, ainda consegue colaborar em vários aspectos. No final, quando o deixo, após os cuidados de higiene, sentado no cadeirão, perfumado e arranjado, pergunto-lhe se está bem. "Agora estou, o pior é o meu futuro."

Thursday, September 22, 2011

E hoje, mais uma noite no serviço. Acho que tenho sempre uma pequena depressão cada vez que agora tenho de vir trabalhar à noite. Não gosto. Estou cansada disto. Isto até está calmo, os doentes estão tranquilos e a descansar, mas isto é extremamente desregulador para mim. Além disso, fico mais pensativa, começo a sentir mais a falta de quem queria que estivesse comigo e não está, penso nestes últimos dias e como têm sido mais difíceis, plenos de saudades e de vontade de te abraçar. Por aqui, pessoas cujas vidas foram interrompidas por momentos, dias, meses. Perante a saúde que fraqueja, vêem-se deitados numa cama de hospital. Uns com perspectivas de saírem em breve, outros que por cá ficarão ou, saindo, voltarão em breve porque a sua doença não lhes permite ficar bem muito tempo em casa... doença, dor, sofrimento... carrega-se toda esta energia noite fora. Umas vezes, conseguindo arrancar-lhes um sorriso, mesmo assim. Outras, nem por isso...

Monday, September 19, 2011

Porque a vida não é feita só de dias bons... às vezes também dói e também magoa.

Saturday, September 17, 2011

Aprendendo, pouco a pouco, a valorizar-me... caminhada longa esta.
Explicar o meu "nada" não é fácil. Naqueles momentos ainda é mais difícil. Ser confrontada com o teu olhar penetrante que me delicia tanto quanto me faz querer parar de olhar, não é fácil. Fujo, sim, fujo dele porque me sinto demasiado vulnerável, porque a minha cabeça "está a mil" e porque não sei mesmo pôr em palavras tudo o que penso ou sinto quando estou assim. Gosto muito de estar contigo, sei disso, tenho a certeza disso, ainda que nem sempre seja fácil... ter hora, ter lugar (ou não ter), ter notícias tuas (ou não ter)... e às vezes tudo isso me vem à mente num turbilhão que a minha cara e o meu olhar não consegue disfarçar, enquanto me abraças e me aninho em ti... e não sei também se é suposto fazê-lo... Gosto do tempo que perdes a tentar compreender, mesmo que no momento não consiga lidar bem com isso... é uma aprendizagem. Como dizes, a falta de comunicação pode trazer muitas confusões associadas. Tens razão. Mas eu acho que te digo as coisas, talvez apenas em silêncio às vezes, mas digo... e tu ouves... ainda que me incites a colocá-lo em palavras, o que às vezes faço mais facilmente, outras nem por isso... Concluo, no meio de tudo, que me custa despir-me totalmente, de forma metafórica, perante outra pessoa que me seja especial. Talvez seja um mecanismo de defesa inconsciente - se não me mostrar totalmente, de algum modo, ninguém me poderá magoar tão profundamente que eu não consiga dar a volta ao sucedido... (ou talvez seja isto enganar-me a mim mesma...).

-O que queres fazer?

-Viver tudo intensamente...

Celebrando os meus 27 anos...

Oh dia bom o de ontem... partilhado na melhor companhia desde manhã até de madrugada... Dia passado contigo, no aconchego da simplicidade do quotidiano... Em conversas, sorrisos, olhares, contacto...
E no final do dia, aquela roda para celebrar os meus anos, depois da qual fizemos uma jantarada. Juntar vários amigos meus... os da faculdade, amigos já de longa data com quem partilhei tantos e tantos momentos que se torna impossível recordar ou mencionar todos... aqueles amigos que conhecem muito de mim, que me viram no meu melhor e no meu pior, e que em todos os momentos não me deixaram de dar a mão. Aqueles amigos com quem basta trocar um olhar para perceber muita coisa. Aqueles com quem qualquer coisa que combinemos corre sempre bem. Também amigos que surgiram no contexto do trabalho, contexto esse muito difícil por vezes e de onde se contam pelos dedos das mãos as pessoas que realmente valem a pena... mas as que valem, estão lá, sempre. E os amigos da Capoeira, mundo no qual decidi entrar há quase um ano e onde tenho aprendido muito... muito sobre mim, sobre a vida, sobre o que são os meus limites e a forma de os superar (e perceber que, afinal, muitos são impostos única e exclusivamente por mim). Onde encontrei um grupo de pessoas que me faz bem. Me faz sorrir e me faz acreditar mais em mim e nas minhas potencialidades. E aprendendo a ginga e a malandragem da Capoeira, tenho aprendido que na vida também temos de gingar muito... nos momentos bons e menos bons do nosso dia-a-dia. Foi uma noite absolutamente fabulosa, de mistura, de ritmo, de muito axé. Emocionou-me ver ali reunidas tantas pessoas importantes do Grupo União na Capoeira, todos os mestres que estão em Portugal, os professores, os instrutores e os outros graduados e não graduados... gostei dos jogos que com eles fiz, da energia boa, dos abraços de todos os meus amigos, capoeiristas ou não, que me aquecem e me preenchem. Foi uma excelente forma de celebrar os meus 27 anos recém feitos. Obrigada por isso...

Tuesday, September 13, 2011

Monza (Itália) - Setembro de 2011

Foi Capoeira, foi amizade, foi axé, malandragem, muitas gargalhadas, muito boa disposição, poucas horas de sono, muito treino, muito suor, muito calor... Assim foram os dias em Itália, durante o evento "Tem Mandinga, tem Dendê" que decorreu em Monza. Rir a bom rir com as parvoíces a toda a hora porque com o grupinho que fui, não há mesmo hipótese... aprender muito com capoeiristas que não conhecia (Mestre Omar, Mestre Tarzan, professor Boneco...)... sentir que quero fazer isto mais vezes, porque além de viajar, algo que adoro fazer, junta-se a Capoeira, novos movimentos, novas músicas, pessoas novas, falar múltiplas línguas... foi muito, muito bom. Salve Capoeira!

Saturday, September 3, 2011


Aquele dia na praia da Ursa, no Sábado. Local mágico e de uma riqueza natural indescritível. A companhia agradável e multicultural... Os movimentos de Capoeira treinados à beira mar no final do dia, com aquela luz do sol que vai descendo vagorosamente até desaparecer.
O Domingo passado com os amigos na varanda da casa deles, após uma boa churrascada... conversas, risos, cumplicidades. As mulheres todas enfiadas no quarto a falar daquilo que é apenas nosso e de mais ninguém. São as casas, as decisões, as interrogações e as dúvidas. A sensação de uma amizade imensa que nos une e que nos protege, que nos torna um pouco mais felizes.
A manhã de segunda-feira onde matei saudades tuas, em momentos intensos de boa energia, de meiguice... o teu sorriso, o teu olhar, o teu toque, a nossa fusão. A vontade de não deixar que o tempo avançasse para ficar apenas um pouco mais assim...
A quarta-feira e a roda de Capoeira que aconteceu sem que estivesse previsto... repleta de axé, malandragem e bom feeling, joguei, cantei e toquei carregada de vontade. Seguiu-se um jantar e convívio do bom naquele chinês que a ASAE não conhece mas que nós adoramos...
E ontem foi um dia de pequenas coisas que me aqueceram o coração. Aquelas que nos deixam um sorriso na cara. Aquelas que lembramos mais tarde com nostalgia. Aquele pequeno passeio na praia... sentir a areia nos pés, a água salgada do mar... a tranquilidade de uma praia logo no início do dia. Depois a conversa e o aconchego, com aquela vista como pano de fundo. As aventuras até chegar áquele outro lugar onde estivemos mais um pouco, a desfrutar um do outro. A fome apertava e poucas dúvidas no local onde ir para a saciar. Gosto do encanto daquele lugar e adorei ainda mais as gargalhadas, a partilha, as parvoíces que partilhámos naquele pedaço de dia em que lá estivemos. Por fim, a praia novamente. O Guincho, local que me faz sorrir sempre que lá vou. De uma energia fantástica. Aquele abraço prolongado que me preenche, enquanto cantamos e rimos, e me arrepias... E a conversa no regresso... as coisas sobre as quais concordamos e as outras que nem tanto... mas não interessa, porque é assim mesmo, e o importante é termos a capacidade de as debater. Segui para Lisboa, depois de me despedir de ti, e já o dia se encontrava no fim... tempo de comprar boa música na Fnac, passear pelas ruas da Baixa e ler um pouco o livro que me tem acompanhado nos últimos tempos... Por fim, mais uma roda... jogo bom, intenso, a bateria e o coro bem recheados de energia... e as palavras do Mestre no fim - "viu Flôr, como jogou bem?".

Sunday, August 21, 2011



Contrastes.

(Angolares - São Tomé)


Pequenos adultos.
(Ilhéu das Rolas - São Tomé)



Pormenores.

(Lagoa Azul - São Tomé)



Princesinha.

(Roça Diogo Vaz - São Tomé)



Crianças que cuidam de crianças...

(Neves - São Tomé)

"Leve leve..." (São Tomé e Ilhéu das Rolas)

De regresso, uma vez mais, de terras africanas. Há algo que não se explica, na luz, nos cheiros e nas cores da África... algo que se entranha em nós e de que sentimos saudades quando voltamos... Desta vez o destino foi a ilha de São Tomé e o Ilhéu das Rolas. São Tomé é um país de uma imensidão verde que se prolonga para lá do horizonte. De vegetação densa, é uma ilha naturalmente bonita. Com uma costa de recantos encantadores, o mar mostra-se bravo em alguns locais e calmo noutros. Águas de temperatura agradável, daquela que provoca um pequeno arrepio ao entrar mas que faz com que não queiramos de lá sair... cristalinas, onde os peixes coloridos se passeiam mesmo ali ao nosso lado. É um país de tranquilidade, tudo se faz com calma, muita calma, e de forma bastante desorganizada também. Terra de frutas variadas, de sabores intensos, muito diferentes entre si. Terra onde as crianças cuidam das crianças e onde raramente estas são vistas na companhia de adultos, a não ser quando ainda são amamentados. Crianças de sorrisos abertos, cujas palavras "doce doce" são uma espécie de cartão de visita, mas que aceitam bem um "não tenho" e vibram com uma fotografia e a oportunidade de a ver plasmada no ecrã da máquina digital. De pés descalços e roupa rota, caminham por todo o lado, brincam por todo o lado, comem toda a fruta que encontram. Terra de música e dança, essencialmente de kizomba, danças tradicionais, funaná... e vontade de nos mostrar como é que se dança tudo isto. País onde treze pessoas cabem bem num carro para nove, onde se come uma excelente santola no meio de um local onde abunda a falta de condições de higiene, de saneamento básico, de tudo... Terra onde se "vive bem", segundo um jovem, "porque não se passa fome e não nos falta nada." Local de pouco turismo, e na sua maioria, turismo português. As roças, por todo o lado, umas abandonadas, outras nem tanto, mas todas antigas, com aquele ar da era colonial, onde imaginamos os senhorios e os escravos, numa dinâmica nem sempre fácil de gerir... País onde encontramos muitos produtos nacionais... onde comi iogurtes Mimosa, bebi água do Luso e comi bolachas Triunfo... Região onde pouco se ouve o crioulo e todas as pessoas falam português.

Foram dias bons, experiências boas... momentos que guardarei na caixinha de memórias. E foram, uma vez mais, dias de partilha de gargalhadas e conversas com um grupo de amigos com quem tudo isto se torna ainda mais fantástico. Muito bom mesmo. E passou tão rápido...

Saturday, July 23, 2011

Pequenos pedaços de vida.

Momentos destes. Em que o seu genro chega ao serviço com o seu neto de 6 meses. Digo para não entrar. O ambiente por lá não é apropriado a crianças tão pequenas. O risco de apanharem uma infecção é extremamente elevado. Aguarda no refeitório. Juntamente com os outros dois netos, já mais crescidos, e a sua filha. Ajudo-o a sentar-se numa cadeira de rodas e levo-o até eles. Com um cancro do recto e metástases cerebrais, a sua vida não irá prolongar-se por muito mais tempo. Levo-o até eles. E proporciono um canto no meio daquela sala, onde podem estar um pouco mais confortáveis. De repente, a sua filha traz ao colo o bebé. Olha-o com uma paixão que parecia adormecida nestes dias... sorri-lhe como sorrimos apenas áqueles que amamos profundamente, sem medos, sem receios. Coloca as suas duas mãos no rosto dele e aproxima-o de si para lhe dar um beijo na face. Coloco a minha mão sobre o seu ombro e limito-me a dizer: "que fofura... aproveite a companhia deles" e retiro-me da sala. Na realidade, se tivesse ficado mais um momento, a lágrima que se apoderou dos meus olhos, teria mesmo caído. Arrepiei-me e enterneci-me com aquele momento. Depois sorri, porque tenho uma grande sorte em conseguir partilhar momentos assim com outros seres humanos.

Wednesday, July 13, 2011

Tu ali. Eu aqui.

Tuesday, July 5, 2011

Gosto destes dias de sol, da tranquilidade de ter várias folgas seguidas, de poder planear tudo o que tenho que tratar e resolver com tempo, porque tenho esse tempo...

Monday, July 4, 2011

Escribir(te) en español...

En la vida, no todo es apenas blanco o apenas negro... no vivimos siempre en extremos que no controlamos... la vida supone, o debe suponer, equilíbrio... No somos las personas más felices o más tristes, somos personas que van viviendo momentos de mayor o menor felicidad. Hoy tuvimos un buen día, diría, un día verdaderamente hermoso... Compartimos no apenas los besos y los abrazos... pero también las sonrisas, las miradas, los pequeños gestos de cariño, unas séries en la televisión, unas músicas en mi habitación, unas horas de sueño bien juntos... A veces tengo momentos em que me enfado con la vida, porque no es simple... nunca me da lo que es simple. Otras vezes le sonrío, porque me da tanta cosa buena, tanta cosa que, creo, mucha gente no vive jamás... A ti, my angel, gracias por todo eso que me das, aunque sea todo complicado... mientras es bueno, vale la pena... también a mí, y no solo a tí, me es dificil hablar de algunas cosas y demonstrar lo que siento en algunos momentos... pero hoy, como ayer, sé que quiero estar contigo, aunque sea así, aqui y allá... cuando la vida lo permite.


Te quiero mucho...

Wednesday, June 29, 2011

Saudades daqueles tempos de criança em que era tudo mais fácil e bastava perguntar:


"Quanto % gostas de mim?"


:)

Monday, June 27, 2011

Lisboa, cidade das mil cores.

Outro dia, no meio de uma conversa com uma rapariga do Porto, no Mac Donald's do Rossio, diz ela: "epah, eu quando venho a Lisboa sinto que saí de Portugal". É verdade. Em pleno coração da cidade, a vida é muito cosmopolita. A mistura é mais do que muita. Juntam-se cores, religiões, nacionalidades, línguas e culturas diferentes... e deambulam, lado a lado, nas ruas. Algumas pessoas dizem que é demais, que tudo isto apenas traz problemas. Eu adoro. Adoro passear em Lisboa e ter um pouco deste nosso mundo tão perto, tão "acessível". Temos é de querer também conhecer as pessoas, falar com elas, sorrir-lhes. Ainda agora, estou numa loja com acesso à Internet a passar o tempo, e olho à minha volta e estou rodeada por pessoas de diferentes origens... As diferenças entre nós são tantas como, provavelmente, as semelhanças, mas por algum estranho motivo só reparamos muitas vezes no que nos distingue. Gosto que nem todas as peles sejam pálidas como a minha, que nem todos os olhos sejam castanhos como os meus, que nem todas as línguas sejam o meu português... e acho que todos crescemos um pouco quando nos apercebemos da riqueza de viver numa cidade assim e perdemos o medo de sair do nosso cantinho para poder conhecer o que ela nos oferece.

Tuesday, June 21, 2011

Corda Azul :)

Este fim de semana assisti ao meu primeiro evento de Capoeira desde que decidi entrar neste mundinho... foi também o evento em que ocorreu o meu baptizado e recebi a minha primeira corda... que orgulho! Foram três dias repletos de axé, malandragem, convívio, bons jogos, boas aulas, bons mestres para nos ensinar um pouco mais. Foi nervosismo naquele momento em que deixei de ser novata para passar a ser graduada. Foi partilha de sorrisos, gargalhadas e bons momentos com pessoas que vou conhecendo com o tempo e de quem gosto cada vez mais. Foi conhecer também gente nova e sentir que, pouco a pouco, estou mais integrada no GUC, no que ele representa, no seu espírito. Foi Capoeira, de manhã à noite... abadás, instrumentos, música boa. A criançada, a mostrar que é desde pequeninos que tudo acontece... e o pessoal mais velho mas iniciante, tal como eu, a demonstrar que nunca é tarde para começar. Foi bom, muito bom. E ontem, quando fui para a primeira roda após o evento, senti algo de muito especial ao olhar-me e ver aquele azul ao redor da minha cintura... e todas aquelas outras cores novas à volta da vossa.

Friday, June 10, 2011

Dias de celebração e memórias.

Ontem foi dia de trabalho. Isto de ser enfermeira tem destas coisas e o feriado não significa ficar em casa. Foi também dia de ir ter contigo, minha amiga, para celebrar o teu aniversário no pouco tempo que estivemos juntas, naqueles jardins da Gulbenkian, que outrora guardaram segredos e tempos de espera ansiosa para que o vosso presente se tornasse passado e, assim, o nosso presente se transformasse em futuro. Foi bom ver-te feliz Sara, acompanhada pelos amigos de sempre que te fazem sorrir. Um dia em cheio que planeaste como só tu sabes... com ideias do que fazer, mas permitindo que o tempo e a vontade te conduza ao longo das horas, mais do que outra coisa qualquer. E depois foi novo aniversário, desta vez do Grupo União na Capoeira, grupo que me acolheu há 8 meses atrás (e ao qual decidi também pertencer com um sorriso nos lábios, muita vontade de aprender e com os braços abertos). Foi convívio, juntar quem anda "espalhado" por aí mas pertence a um mesmo grupo. Foi roda com muito axé, juntando várias gerações e diferentes graduações... Foram olhares, sorrisos, música boa. O mestre que toca a guitarra e cria um ambiente bom no final de tudo. Por fim, foi aquele pedacinho a recordar tempos passados que não foram meus mas dos quais já tanto ouvi falar. Nós, a rir. Estes dias valem a pena. E adormecer, com aquela mensagem que me arrepia. Ele (o meu corpo) tens saudades dele (o teu).

Wednesday, June 8, 2011

Pensamentos...

Há cedências que se fazem, atitudes que se tomam, coisas que se dizem numa relação, que eu não consigo compreender. Acredito que dois mundos distintos se juntam quando decidimos partir para uma relação com outro, dois mundos que então se cruzam, surgindo um mundo comum. Mas a individualidade de cada um não deve perder-se. A relação não deve ser o chão que pisamos mas a rua paralela à nossa, com múltiplos cruzamentos onde nos encontramos. Se assim não for, quando sentimos que algo não está bem, perdemos o chão, aquele que sempre foi nosso desde que nascemos. Nosso e de mais ninguém. Ser em conjunto sem deixar de ser separadamente. Encontrar na vida sentido para além da relação. Amar intensamente mas também humanamente... porque nesta vida tudo é eterno e finito ao mesmo tempo. Rir e chorar, discutir por vezes, porque nem sempre isso se consegue evitar, mas em tom de conversa séria, onde debatemos ideias que podem não se conjugar... sem gritos, sem insultos, sem dizer o que não se devia dizer. É amar-nos primeiro, com a certeza que não há ninguém como nós, atribuirmo-nos o valor que temos, reconhecer que somos importantes porque todas as pessoas são importantes. Só depois podemos amar alguém sem receios, sem medos, sem nos perdermos de quem somos, valorizando as pequenas coisas que realmente importam. Em conjunto, em união, em fusão... mas cientes de que a nossa vida não se limita a uma relação afectiva concreta com alguém e de que a nossa felicidade depende apenas de uma pessoa: nós próprios.

Monday, June 6, 2011

A propósito de amor, sempre lhe digo que a outra coisa que a companhia constante da morte fez por mim foi despir-me de qualquer pudor no que toca aos afectos. Nenhuma reserva, meu amigo, em dizer que amo. Nenhuma prudência na minha entrega, nenhum pudor em descrever sentimentos.


(Vida em Mim - Nuno Lobo Antunes)
Sometimes I just think to much... sometimes I just feel to much...

Sunday, June 5, 2011

Portugal não fica bem vestido de laranja... mas esta é, claro, apenas a minha opinião.

Manhã de surfadas...

Que saudades que eu tinha. A última vez tinha sido em Bali. Hoje voltámos a entrar na água, com a prancha a nosso lado, mas com o fato vestido, que a temperatura não anda má, mas não se compara à de terras asiáticas. Primeiro, é aquela sensação boa de acordar cedo para fazer algo que nos agrada, mesmo depois de uma noite um pouco complicada, em que tive muita dificuldade em adormecer. Chegar cedo à praia e encontrar um céu azul imenso, um sol que me dá o "bom dia", e um mar tranquilo. Encontrar também caras amigas, que me fazem sempre sorrir. Depois é todo aquele ritual tão característico neste mundo do surf e dos desportos de água. Veste-se o fato (e com bastante dificuldade, que aquilo não é nada fácil), pega-se na prancha e anda-se até junto do mar. Aquece-se um pouco, depois de um primeiro fantástico mergulho. E, finalmente, começa a aventura de tentar apanhar uma onda que nos permita pôr de pé. Gostava de dizer que saí vitoriosa, o que não é verdade, mas sabe-me igualmente bem à mesma. Sabe bem o esforço físico, em plena comunhão com a natureza. Sabe bem os sorrisos trocados quando alguém consegue a proeza ambicionada ou se enrola numa onda até dar à costa. Sabe bem porque é desporto, é vida activa, é amizade. Mantenho os meus receios quando a onda se aproxima, quando não controlo a prancha e receio que ela embata em alguém. Mas gosto de lá estar, de sentir aquela boa energia que não se explica. Gosto também do teu telefonema no exacto momento em que chegámos ao barracão no final da surfada e vamos vestir-nos, e daquela viagem de carro no regresso, ao som de Sara Tavares, na tranquilidade de quem se sente bem. E adoro a moleza que tenho agora... moleza que se segue ao exercício físico e a um dia de praia... moleza boa, boa, boa.

Friday, June 3, 2011

De manhã cedo o carro segue em direcção a Lisboa na companhia do mar. O sol baixo encadeia, e por instantes fecho os olhos e deixo-me levar pela tua imagem, embalado na doce memória do teu corpo. Sou marinheiro em caravela e o oceano a meu lado. A maré sobe e enche-me de ti, dos teus olhos que se fecham em silêncio no momento em que me amas.


(Vida em Mim - Nuno Lobo Antunes)

Tuesday, May 31, 2011

Um dia disseste-me que eu era uma caixinha de surpresas boa... quando depois, cara-a-cara, te pedi que me explicasses isso, disseste que não imaginavas que houvesse alguém que não gostasse de mim e que nunca tinhas conhecido alguém como eu... e paraste, por aí, ficando sem palavras, olhando-me com um olhar que até hoje recordo bem...


 

Saturday, May 28, 2011

Sem palavras... ontem, naquele banco daquele jardim, aguardámos que o hoje chegasse. Ele veio, e com ele, nós daquela maneira. Passaria dias assim...

Sunday, May 22, 2011

World Press Photo 2011




Foto de Olivier Laban-Mattei - Terramoto no Haiti



Fui à exposição. Como sempre, gostei. Esta fotografia passava, talvez, um pouco despercebida ao público, no meio de todas as outras, não ocupando lugar de destaque. A mim, não me sai da cabeça. A morte, associada à desumanização. Quando se dá a catástrofe, os corpos amontoam-se e esquece-se, tantas e tantas vezes, que as pessoas não o deixaram de ser. A forma como ele lança o corpo da criança poderá ser uma forma de fechar os olhos ao sofrimento que o momento traz consigo ou pode estar carregada da indiferença que por vezes a vida humana causa. E quando a vida humana, de outros como nós, se torna indiferente... questiono-me que poderá ser mais assustador...

Thursday, May 19, 2011

Andam a aprender com os Pauliteiros de Miranda...

A vida ensina-nos todos os dias qualquer coisa. Às vezes, no entanto, aprendemos quase à paulada (metaforicamente falando, claro...). As pessoas falam e comentam, discutem e debatem, olham e criticam os outros... esquecem-se, no entanto, de olhar antes para elas. A imaturidade é algo de tão relativo que poderia fazer uma dissertação de mestrado aqui sobre esta temática... mas na verdade basta-me apenas dizer que sei o que sou e o que faço, pelo menos enquanto profissional sei muito bem isso... quanto a outros, apenas lhes remeto a necessidade de fazerem uma profunda reflexão... E nasci animal, sim, mas daqueles que pensam, vulgo seres humanos... que isto de ser cabra é só no monte. Dos meus calos trato eu, ou melhor, a minha querida amiga e pedicure... mas se quiserem experimentar pisá-los, o resultado não será seguramente brilhante... apenas porque falar sei eu muito bem, e argumento com um certo estilo até, sobretudo quando estou motivada para tal. E pronto, desabafos à parte, o dia terminou num pequeno momento bom, que tranquilizou a alma e energizou o espírito. Depois foram papas e descanso... que sabem tão bem também. Pronta para mais rounds, se assim for necessário...

Saturday, May 14, 2011

Dias bons de amizade. Assim têm sido estes dias por aqui. E que maravilhoso tempo aquele com que a natureza nos tem brindado...
Corpos que se fundem... foi assim naquela noite (e olhares, e beijos, e conversas boas...).

Monday, May 9, 2011

Oh dia BOM!... O sol brindou-me logo de manhã com a sua presença. Bem cedo estava fora da cama, algo que não custa tanto quando temos um dia bom pela frente... Passeios por Lisboa repletos de conversa que sabe bem, olhares que sabem bem, beijos que sabem bem... e com direito ao primeiro escaldão do ano, sem dar conta! Depois tarde em família, com a minha Noa e as descobertas diárias que uma criança de dois anos faz... E treino de Capoeira, que deixa mazelas negras nas pernas mas alegria na alma. E terminar, no café, a chorar a rir... Por fim, o facebook, permitindo conversas que, uma vez mais, me levam às gargalhadas... (critiquem o que quiserem, mas eu gosto daquilo! :) ). TV e cama... para um sono que agoiro bem profundo e relaxado... o corpo assim o pede.

Friday, May 6, 2011

"Nada".

Ele - O que foi?

Eu - Nada.

Ele - Nada não. Vi a tua cara triste.

Eu - Então se sabes o que é porque perguntas?

Ele - Então se sabes que eu sei porque respondes "nada"?


(agarras-me, tocas-me e proteges-me, naqueles segundos que se seguem)


Verdade... Mas às vezes o "nada" é tudo. O silêncio é securizante. E eu não sei o que dizer. Preciso do meu momento. E inspiro (-te), inspiro (-me). É bom.

Tuesday, May 3, 2011

... Close the door ...

... Lay down upon the floor ...

... And by candlelight ...

... Make love to me through the night ...


(Runaway - The Corrs)

Saturday, April 30, 2011

Um beijo. Longo, curto, meigo ou arrebatador. A língua a percorrer os lábios. As respirações em uníssono. Um abraço. Apertado, discreto, indicador absoluto de que ali somos apenas nós, um para o outro. Um olhar. Em silêncio, acompanhado de palavras, intenso ou fugaz. O cruzar do olhar de ambos e o momento em que paramos apenas para nos vermos, um ao outro. Uma conversa, recheada de partilha, de gargalhadas, de um tom de voz mais grave porque o assunto se tornou mais sério. Um toque. Aqui e ali. Que faz estremecer, que acarinha, que nos prende áquele momento. Um passeio, um cinema, um almoço. O jardim, a praia, as ruas de Lisboa velha carregada da energia típica da cidade, que nos acolhe e nos envolve. É simples, tão simples, e complicado, tão complicado também. Gosto(-te), com saudades.


A ti, apenas porque sim.

Thursday, April 28, 2011

Que bom rever a cara de outrora, daqueles primeiros meses de capoeira. Que bom jogar novamente contigo. Que bom visitar um novo espaço e um grupo diferente que nos acolhe tão bem. Que boa roda, quase de "resistência", de tanto que foi o tempo que estivemos a jogar. Foi bom, e amanhã há mais. É bom (continuar a) ver-te sedento de capoeira. Como te percebo... :)

Monday, April 25, 2011



... but get here soon ...

Sunday, April 24, 2011

Não se explica, sente-se. Como tanta coisa na vida, aliás, como a maioria das coisas importantes que acontecem na vida. As palavras escasseiam, parecem sempre poucas ou pouco precisas. Mas sente-se tudo, com uma intensidade dificilmente mensurável, que nos atordoa.

Friday, April 22, 2011

Insólitos.

Ele - "Senhora enfermeira... chegue aqui por favor."

Eu - "Diga."

Ele - "Tenho que lhe dizer isto... peço desculpa... mas a sua presença quando entra numa sala é incrível, inunda-a..."

Eu - "Então porquê?"

Ele - "Tem um cheiro que inunda a sala... o seu perfume é fantástico."


E assim se recebem elogios bons, sem estarmos à espera (não levo a mal porque este utente é um homem de sensibilidade extrema e nenhuma malícia no comentário... se é que me entendem... lol).

Sunday, April 17, 2011

"O órgão sexual por excelência é a cabeça." (Maria Rueff)

Por muita que seja a atracção pelo outro, a vontade de estar de uma forma mais prolongada com essa pessoa surge porque há com ela tema de conversa, algo de intelectualmente estimulante. Se tal não acontece, tudo se perde rapidamente, não passando de um encontro rápido e fugaz, facilmente esquecido ou ignorado por nós. Uma pessoa é interessante porque ao vermos quem é, qual a sua história, ao ouvi-la falar e ao passar horas nesta troca de ideias, percebemos que há algo no que diz e no que ouvimos, que se torna, de certo modo, importante para nós. E depois partilha-se tudo o resto, igualmente bom, igualmente intenso. Partilham-se silêncios (porque na verdade, ali, naquele momento, não é preciso dizer mais nada), partilham-se beijos (momento de intimidade extremo, a meu ver), partilham-se corpos e as suas reacções. Por fim, pensa-se sobre tudo, recordam-se os momentos, lembram-se as sensações, sente-se saudade. E em todo o processo, a cabeça é sempre o órgão que não pára, em momento algum.
A intimidade absoluta encontra-se, muitas vezes, na partilha de um silêncio que nos deixa confortáveis.

Thursday, April 14, 2011

Foi primeiro ver-te, sorrir-te. Foi falar um pouco. Foi aquele pequeno momento em que apetecia pará-lo e ficar ali eternamente, transformá-lo em horas. Sentir-te outra vez, perto. Beijar-te. Vontade de não te largar. De te apertar bem forte. De te levar dali, comigo...

Tuesday, April 12, 2011

O tempo é algo de muito relativo... o que parece ser muito tempo às vezes passa tão rápido que até assusta... o que parece ser pouco tempo, às vezes é uma eternidade... Tudo está relacionado com o que se vive, sente e se quer desse tempo... A saudade traz consigo um aumento substancial da durabilidade do tempo... ele parece estender-se muito mais do que habitualmente... e alguns dias custa mais que outros. Acho que é mesmo assim, tudo na vida é assim...

Monday, April 11, 2011

Sunday, April 10, 2011

Hoje dei por mim a tratar de si, naqueles últimos cuidados que prestamos após a morte de alguém, e a não conter as lágrimas. Esteve connosco muito tempo e ninguém o conseguiu agarrar. Criámos consigo uma ligação especial. Às vezes, acontece. Mas há doenças mais fortes que o conhecimento científico... e a resistência do ser humano nem sempre é a que desejaríamos. Não que tenha desistido, porque sempre foi um lutador, mas chegou a sua hora. E talvez tenha sido melhor assim, mesmo que a todos nós nos tenha custado...
... Adeus.

Saturday, April 9, 2011

Momentos de reflexão.

A sua tristeza imensa hoje comeveu-me. Lágrimas pesadas e cheias percorriam a sua face naquele curto espaço que nos leva do seu quarto até ao WC, enquanto lhe sirvo de apoio a um andar já cansado e desequilibrado pela idade e pela doença. Nem sempre alguém nos diz tão claramente que está triste e que precisa de ajuda "para limpar um pouco a minha cabeça". A solidão que a velhice traz muitas vezes consigo, aliada ao prognóstico de uma doença que irá provavelmente retirar-lhe a vida e à dependência de outros depois de uma vida de autonomia, força e energia, acarretam dores muito mais profundas que a dor física. Partilhar aquele pequeno momento consigo foi perceber, mais uma vez, que esses pequenos momentos são tudo naquilo que faço... e dão-lhe sentido.

Friday, April 8, 2011

Not the best way to end my night... :(

Thursday, April 7, 2011

Agora apertava-te com força e não te largava mais... olhos nos olhos, lábios com lábios, corpo com corpo. Em conversas infindáveis, silêncios cúmplices, respirações ofegantes, histórias que se partilham, gargalhadas que se dão, música que se ouve, lugares que se vivenciam em conjunto. O tempo custa a passar e a saudade mói...

Wednesday, April 6, 2011

O dia de ontem...

Cheguei agora a casa, depois de mais uma noite de trabalho no hospital. Ontem tive um dia muito complicado. Começou cedo, por volta das 6h, o que de imediato me deixa de rastos quando sei que tenho de ir fazer noite nesse dia e não tenho tempo para descansar. Doía-me a garganta, sentia-me doente. Saímos de casa rumo ao teu funeral, ao silêncio das pessoas entorno de um caixão fechado, à tristeza na face das pessoas que te queriam bem, mesmo depois de tudo. Foi duro ver algumas coisas, percepcionar alguns sentimentos nos outros que me emocionaram e me impediram de me conter. Saio e respiro fundo. Fico comigo mesma e a minha cabeça começa a funcionar a mil à hora. Lembro outros momentos, outras pessoas, histórias similares de vidas que se perdem muito antes da morte física. Não gosto de funerais e velórios, daquele ritual pesado de se estar a chorar alguém que partiu. Tenho dificuldade em lidar com estes momentos. Prefiro a despedida dos últimos momentos, a das palavras que ainda se podem dizer e serem escutadas, do toque que ainda se pode dar e ser sentido. E vê-lo, silenciosamente a um canto, com a lágrima percorrendo-lhe a face, lembrando que poderia ter sido ele se um dia não tivesse dito "basta". Foi chorar muito, demais, sem conseguir explicar muito bem porquê, quando estava longe de todos. Depois foi almoço rápido, descanso curto no sofá e ir buscar a minha sobrinha. Levo-a um pouco à praia, aproveitando o calor e o sol que decidiram dar o ar da sua graça. Estou exausta e exiges toda a minha atenção. E sentir a tua falta, vontade de saber de ti... e não ter qualquer feedback. Chegar a hora de sair de casa, para trabalhar, e sentir que um camião passou por cima de mim. São 21h30 e sei que apenas por volta das 10h estarei em casa. Rumo a um serviço que não tem estado fácil, com doentes complicados, confusos, que pouco colaboram nos cuidados, previa uma noite caótica. Aviso logo à chegada que não serei boa companhia. Descarrego também um pouco em ti, por mensagem... (desculpa...) e não obtenho resposta. O turno não decepcionou e foi realmente muito trabalhoso, com um cenário dantesco às 5h30 da manhã, qual massacre do Texas em pleno serviço. O sangue espalhado por todo o lado, ele aos gritos, fazer tudo de novo outra vez. Mas chego a casa francamente mais bem disposta do que estava e pronta para usufruir do conforto do meu quarto e do aconchego da minha cama para recuperar um pouco as horas de sono perdidas... com vontade de o partilhar também, mas sabendo que não é possível, vou tranquila dormir. São 10h30 e o meu dia começou ontem às 6h...

Friday, April 1, 2011

Noites boas... da simplicidade de gestos, da partilha de momentos. Gosto muito...

Thursday, March 31, 2011

Há momentos assim, como o de hoje, em que não consigo conter as lágrimas... E perante a pergunta, não tenho resposta, nem quero tentar responder.
Deixar esta vida em completa solidão, acompanhada de uma degradação extrema do corpo e da alma, longe de todos os que lutaram por ti ao longo destes anos. E deixar os de sempre em sofrimento, angustiados por uma culpa que não é de ninguém. É tempo de luto, de despedida... do irmão, do filho...

Tuesday, March 29, 2011

São aqueles momentos intensos... seguidos da tranquilidade dos momentos em que simplesmente estamos. É não ter um nome para dar ao que vivemos. É olhar para estes momentos e não conseguir explicar como chegámos a eles. É a envolvência que me enche, a ausência que custa. É a incerteza e as certezas, misturadas. É olhar para o passado e perceber que já passou muito tempo e precisava disto, mas não saber bem o que isto é. Foi a vida a pregar-me uma rasteira e a apanhar-me de surpresa, quando menos esperava. É olhar, sentir, tocar, respirar, abraçar, estar. É sentir-me demasiado bem contigo...

Friday, March 25, 2011

Foi um daqueles dias. Um daqueles dias em que foi bom, sem mais...

Saturday, March 19, 2011

Ontem...

Foi um dia de folga, de descanso, de dormir até tarde. Foi um dia para estar um pouco com a minha mãe. Um dia de encontros inesperados em lugares inesperados. De televisão e sofá. De um passeio curto mas bom nas ruas da Baixa. Depois foi uma noite de roda boa, repleta de axé, malandragem, boa disposição. De sorrisos malandros, do jogo que esperávamos ver, da queda dele que o fez sorrir imensamente. De União. Boa música, boa bateria. Daquela energia que me leva todos os dias que vou e me dedico no treino ou na roda, a voltar. É qualquer coisa que não consigo explicar. E foi depois um jantar bom, ao qual cheguei um pouco tarde mas cheguei. Sempre a tempo de estar com vocês, de partilhar bons momentos e muitas confidências. De ouvir aquelas palavras que me dizem e me sabem bem: "estás tão bonita, a sério, queríamos dizer-te isto... irradias uma energia boa". Sim, sinto-me bem, finalmente volto a encontrar-me. A confiança em mim, o olhar-me ao espelho e ver o que tenho de positivo, voltar a perceber o que é importante e prioritário para mim e pôr isso sempre em primeiro lugar. Luta difícil nos últimos anos, mas agora em fase de conquistas e vitórias. E isso nota-se. Acredito que sim. Em tantas coisas no dia a dia. E foi depois irmos para o Bairro, ficármos na rua do elevador da Bica... sentados nas escadarias até quase às 4h, na partilha de pequenas grandes coisas. Nós temos uma história de momentos destes, simples, mas que se entranham em nós e se tornam grandes memórias. Vocês são uma grande parte de mim e nunca consigo pôr em palavras o quanto ter-vos me ajuda a crescer e a ser mais feliz todos os dias... nos momentos bons e maus.
Um simples mas sentido obrigada por tudo, a quem contribuiu para todos estes momentos e tornou o dia de ontem aconchegante...

Tuesday, March 8, 2011

Jantar bom ontem. Convite inesperado. Tempo e disponibilidade para o aceitar. Longas conversas, partilhas. A tua casa, transformada à tua maneira. Encaixas-te bem nela, no centro da cidade. Nós as três, as conversas sobre tudo. Falamos da vida, do trabalho, da eterna luta para melhorármos algo que está tão acima de nós. Falamos de nós, dos momentos que temos e vivemos. E foi bom... porque as coisas simples são sempre as melhores. Tudo depois de um dia intensamente bom também. E adormecer, exausta... no final de tudo.

Monday, March 7, 2011

O sr. J. P.

Ouvi os seus gemidos e aproximei-me. Uma vez mais contorcia-se na cama com dor. O suor escorria-lhe pela face. Não conseguia falar. Mais um espasmo e uma dor insuportável para si. Dei-lhe a mão. Dei-lhe também a medicação analgésica disponível. A dor física passou mas olho para si e mantém-se outra dor, a que não consigo diminuir com comprimidos ou injecções. Mantém-se a dor de alma. Então olha-me nos olhos, engole em seco, contém algo que ia dizer. Dou-lhe o espaço para falar... aquele espaço, em silêncio, de quem aguarda o que estiver disposto a partilhar. E então diz: "não me importo de sofrer, de ir para casa e sofrer o que estou a sofrer aqui, só não quero morrer". Então olho-o, novamente, aperto-lhe a mão. Ele pergunta: "vou morrer?". Respondo que há coisas como a dor e a ansiedade, que podemos ajudar a controlar. Mas que outras coisas não conseguimos evitar. Chora novamente, um choro desesperado, contido mas raivoso ao mesmo tempo. "Porquê a mim?" Falamos sobre o que o preocupa... a resposta é curta: "só me preocupa morrer e deixar cá a minha família". Pai de duas filhas, de 15 e 2 anos, asseguro-lhe que o iremos também ajudar a despedir-se delas, e da sua esposa, e da sua mãe... As lágrimas não param... Eu quero, ao mesmo tempo, estar consigo e fugir dali. Permaneço. Até sentir que está capaz de me soltar a mão...

Saturday, March 5, 2011

Há coisas na vida que não se explicam.
Quando damos conta algo aconteceu em nós, entre nós, com o outro, e não nos apercebemos sequer... apenas nos sentimos bem, por muito complicado que tudo possa ser às vezes.
Dias bons...

Noite de despedidas...

Noite de despedidas. Ontem uma roda especial. Aquela em que dizíamos adeus à Cocorocha. Éramos poucos mas estávamos lá de corpo e alma. Era um dia especial e isso sentiu-se. As lágrimas que ela não contém, as palavras que não consegue pronunciar. Os abraços. Depois lá fomos nós para casa do Máfia. Mais bons momentos. Boas conversas, muitas gargalhadas. E quando a noite chegou ao fim, aquele novo abraço, aquelas novas lágrimas... Vou sentir a tua falta. Entrámos quase ao mesmo tempo. Lembro-me que me senti melhor com a tua presença porque já não era a única pessoa nova ali. E tu, tu és uma pessoa fantástica miúda.
Não gosto de despedidas. Do peso que carregam, da tristeza que as acompanha. No entanto, quando custam, é porque o encontro prévio valeu a pena. E como já combinámos... não é um adeus, é um até breve...
Até à próxima roda Cocorocha... Salve capoeirista! E muito axé! :)

Black Swan


Filme intenso. De imagens fantásticas de dança, acompanhadas de uma banda sonora que, só por si, "cria um ambiente". De como se investe num projecto de vida, num sonho... e tudo nos atropela. Os limites que se ultrapassam tantas e tantas vezes nos meios artísticos e desportivos para se alcançar a perfeição. A realidade e a imaginação, misturadas... confundindo-se entre si. De pequenos grandes momentos de cinema, como aquele em que ela, dançando, se vai transformando... culminando num mar de aplausos e num agradecimento de bailarina cuja sombra nos mostra algo distinto. Ou aquela outra imagem, do movimento do corpo, músculo a músculo. Ela, merecedora clara do óscar de melhor actriz. Absolutamente brilhante. De uma meiguice e ferocidade simultâneas que até corta a respiração, angustia, surpreende. O filme termina e eu, atordoada, nem sei bem o que dizer ou pensar. É um filme pesado, do princípio ao fim. Mas vale, sem dúvida, a pena.

Tuesday, March 1, 2011

Ponto final.

E hoje acabei. Acabei o trabalho, imprimi e encadernei. Completei assim mais uma etapa. Não sei com que nota, mas desde que seja positiva, não me interessa. Ponho assim um ponto final numa caminhada que teve momentos bons, momentos maus, momentos muito maus. Foi o cansaço, de trabalhar 40 horas e ir ainda fazer 24 horas a estágio, com trabalhos escritos para fazer... Adormecer ao volante, adormecer a ler algo, adormecer em todo o lado... Foi a repugnância que determinados comportamentos dos enfermeiros me provocavam... Foi ver e ouvir coisas que sempre achei que alguém que decide ter esta profissão não faz e não diz... Foi perceber que quem me orientava, por vezes, precisava de mais orientação que eu... Foi sentir que olhavam inúmeras vezes para mim como "demasiado jovem", sem considerar a minha experiência pessoal e profissional prévia... sem olharem para mim, para além da minha idade... e foi compreender que dei a volta a isso, mostrando que mais vale 5 anos de profissão, formação contínua, aprendizagem e crescimento, do que 1 ano de profissão repetido 20 vezes (como dizia um bom professor dos tempos da licenciatura)... Foi lutar pela humanização dos cuidados numa área em que os doentes estão (ainda) mais desprotegidos, porque são "malucos" e ninguém os ouve... Foi crescer, às vezes não da forma mais fácil, um pouco mais, como pessoa e como enfermeira...
E... como sempre, foi perceber que em tudo na vida, em todos os momentos bons e menos bons, há sempre "aquelas" pessoas que acreditam em mim, me apoiam, compreendem a minha ausência... os amigos e a família são, de longe, o que de mais importante existe na vida. Obrigada a vocês, por tudo...

Monday, February 28, 2011

Guincho




O Guincho é um lugar que me fascina desde o primeiro dia que o conheci, há muito anos atrás. Tem a capacidade de me surpreender sempre. Nele já vivi tantos momentos... já sorri muito, já partilhei gargalhadas, lanches e passeios, já chorei imensamente. Já passei dias inteiros sozinha a olhar para o mar, sentir o vento, ouvir música e pensar na vida. Gosto do Guincho nos dias de Inverno, frios e chuvosos, de mar agitado. Nos dias frios de sol. Nos dias quentes. Nos dias de amizade lá partilhada. Nos dias de abraços e beijos intermináveis... Acho-o um lugar que, ainda que alterado, permanece muito selvagem, com um encanto próprio, mudando muito com o tempo, ao sabor da força do mar, da intensidade das chuvas e da erosão. Um imenso areal que, por estes dias de inverno, está vazio. Apenas uma ou outra pessoa que ali se desloca para apreciar o mesmo que eu ou que teima em entrar na água e colocar-se encima de uma prancha. Um sítio bom, carregado de boa energia. Eu já tinha saudades... e hoje foi especialmente bom revê-lo.

Sunday, February 27, 2011

Vida de enfermeira...

São sete e meia da manhã. No elevador cruzo-me com o meu vizinho, que deve ter mais ou menos a minha idade. Ele:
-Boa noite!
Eu:
- Bom dia!
Ele ri-se. Os olhos vermelhos e o cheiro a substâncias da noite mostram-me que para ele, o tempo para dormir está a chegar. Os meus olhos vermelhos indicam que tenho sono, porque acabei de acordar. Sim. É domingo, são sete e meia da manhã... e eu vou trabalhar!...
Há vidas assim...

Saturday, February 26, 2011


Um filme sobre como o ser humano supera as suas limitações, mesmo quando sente que estas são demasiado importantes para permitir que siga em frente. Um filme que mostra a dificuldade de alguém cujo problema reside na comunicação, no que se transmite ao outro, no superar de barreiras que o tornam vulnerável e receoso de não encontrar o seu lugar. Uma história sobre como encontramos sempre quem nos dê a mão e quem veja em nós algo que nem nós vemos... Excelentes interpretações, humor tipicamente britânico e um relato histórico que aplaudo. Gostei!
A beleza está na simplicidade das coisas...

Sunday, February 20, 2011

A saudade é um sentimento complicado...
Se sentimos saudades, é porque esse algo ou alguém é importante, especial, bom...
mas ao mesmo tempo quer dizer que esse algo ou alguém não está ao nosso lado.

Friday, February 18, 2011

Dia de roda... Apenas cinco pessoas. O mestre reduz aquela sala a um pequeno canto. Ali, apenas ali podemos jogar. Só há espaço para um berimbau e um pandeiro. E jogo... de angola, bem lento. Apagam-se as luzes, fica só uma pequena claridade. E soltam-se movimentos de forma espontânea. Momento bom, carregado de energia boa. Um pouco de canto também. E no fim, as palavras do mestre: "florzinha, hoje a roda foi sua. Parecia uma angoleira". Sorri e percebi porque tantas e tantas vezes se chateia quando dizemos que não conseguimos fazer algo. Porque tudo se consegue, com tempo, trabalho e aqueles dias de inspiração.

Thursday, February 17, 2011

A morte tem um cheiro característico. Hoje lembrei-me disto. Tinha cinco anos e recordo-me como se fosse hoje. O meu avô, homem imponente, figura carismática, sempre seguro de si, adoeceu... De repente, os cigarros ficavam pendurados na boca e não eram acendidos. De repente, já não entendia o que ele dizia. De repente, já não me reconhecia. De repente ficou ali, deitado numa cama. E eu só sei que não queria lá entrar para lhe dar um beijo. A escuridão, o cheiro, aquela pessoa que já não era ele. Eu não quis estar com o meu avô. E um dia, a minha mãe acordou-me com uma frase: "Ana, tens de ir para casa da Bé... o avô morreu". Tinha cinco anos. Só aos dezoito, numa aula em que voltávamos ao passado e tentávamos perceber quem éramos, resultado de que experiências e vivências... só aos dezoito anos chorei a morte dele. E até hoje choro quando penso que não quis estar com ele... hoje, que sou enfermeira, e estou com tantas pessoas até ao fim.
Hoje foi dia de conversas difíceis. Não percebo, não entendo, não imagino. Quando a dor é tão funda, que vai para além das lágrimas e do choro. Quando o vazio fica e nada o substitui. Quando a saudade está sempre presente.
É tempo de silêncio...
Aquelas noites boas. Noites de jantar num restaurante pequeno, com ambiente calmo, só para nós. Naquele bairro lisboeta das noites longas. Noites de conversas boas, gargalhadas, partilha da nossa vida e do nosso quotidiano. Noites de amizade, aquela que não se explica, a que está sempre presente, a que nos preenche e nos anima. Noites de bares com música ambiente boa, na Bica, até nos mandarem embora porque era a hora de fechar. E noites de boleia, em que a conversa se prolonga até às quatro da madrugada, dentro do carro, à porta de casa... sobre as coisas da vida.

Monday, February 14, 2011

Uma homenagem aos meus amigos...

Friends will be friends... when you're in need of love, they give care and attention. Friends will be friends... when you're through with life and all hope is lost, hold out your hand cause friends will be friends... right to the end...

http://www.youtube.com/watch?v=gWPJW-BFYMc&feature=related

É aquele espaço em que se sente, sem mais. Em que se vive intensamente e se tenta não pensar muito nisso. O tempo em que o tempo pára, ou não... É o toque que percorre o corpo, o beijo que se dá. São os abraços enroscados num calor que emana do corpo, porque lá fora está frio. É a mão que se dá, a conversa que não acaba. É a provocação ou a tentação. É o que é, sem outras definições complicadas.

(Then I wake up... and it was all just a dream...)

Sunday, February 13, 2011

Era uma vez dois pequenos porcos-espinhos que, tendo perdido a sua mãe, tinham frio durante a noite. Eles tentaram aproximar-se um do outro, mas com esse contacto, eles feriam-se; decidiram então afastar-se e aperceberam-se que tinham frio de novo. Após algumas tentativas de aproximação e de afastamento, concluíram que precisavam de encontrar a distância certa entre a intimidade excessiva e a separação.

Wednesday, February 9, 2011

Dia bom...

... no trabalho...
a calma que nos dá o tempo de fazer tudo com mais atenção, com mais cuidado, com um pouco mais do carinho que, acredito, também tem de ser posto naquilo que fazemos. Tempo de poder sentar-me, durante 45 minutos, na beira da cama de um doente, e simplesmente, falar com ele... perceber quais as suas expectativas em relação à doença, os seus medos, os seus desejos... a frase dura, mas ao mesmo tempo, incrivelmente esclarecedora - "tenho esperança de vida, mas não com a qualidade de vida que ambicionava"... A relação, que no final daquela conversa, ficou mais do que consolidada... ali, naquele pequeno bocado, abri portas para que nunca fiquem dúvidas ou anseios, porque consegui mostrar disponibilidade para ouvir... e gosto muito quando isso acontece. Uma relação começada, provavelmente ontem, quando a ele me dirigi para puncionar duas, sim, duas veias... como se começa essa relação ao inflingir dor a alguém? Puxando uma cadeira quando o fazemos, explicando o que vamos fazer, falando com a pessoa calmamente... não tendo medo de tocar, dar a mão, enquanto explicamos, se sentimos que do outro lado tal é necessário.
... também à tarde...
de lanche tranquilo, boa conversa... o tempo que passa a correr...
... e no treino de capoeira...
a emoção de notar que respondo melhor no jogo, que me mexo mais, que consigo tantas e tantas coisas que me pareciam impossíveis ainda há pouco tempo atrás, quando em Outubro decidi fazer isto por mim. Mais uma vez, uma importante decisão que tomei.
... já de noite...
com uma boa conversa no sofá, com a minha mãe, enquanto como uma sopa bem deliciosa...

Sunday, February 6, 2011

Lidar com a morte... não a morte física, do coração que cede, do corpo que pára de lutar. A morte acompanhada por sentimentos de tristeza, de angústia, de ansiedade. Da família que não se resigna ao sofrimento, à demora e à espera. Da pessoa que sempre disse que não queria sofrer e que gostaria que tudo fosse rápido. Da filha, adolescente, que se vê sozinha no mundo, após ter perdido, com 16 anos, o irmão, a mãe e, connosco, o pai. A morte como geradora de solidão, mas também de união. Os desejos, as vontades e os pedidos nos momentos ou dias que lhe antecedem. A tranquila, sem dor, sem sofrimento... e aquela em agitação, inquietude. O olhar vago. O silêncio... de quem sabe o que dizer, mas também sabe que não é necessário dizer nada. A lágrima e o choro compulsivo. As memórias e lembranças. As histórias de uma vida que terminou.
Essa morte... e inspirar todos os dias bem fundo, para conseguir lidar com ela.

Friday, February 4, 2011

Espaço, tempo, conversas e sensações. Olhos nos olhos.

Sunday, January 23, 2011

Uma longa e profunda inspiração e expiração de amizade, ontem... Gosto de nós!

Tuesday, January 18, 2011

O nó que prende o balão...

É como agarrar um balão, bem, se não ele voa para longe... Há determinadas coisas na vida que são assim. Podemos querer que escapem, então abrimos mão delas. Mas podemos querer mantê-las connosco e então, damos um nó à nossa volta, como o nó que damos à volta do punho para agarrar o balão, e não permitimos que nos deixe. Mais interessante é tudo quando, sem necessidade de nó, mantemos perto de nós quem ou aquilo que desejamos... apenas porque, quando nos entregamos a algo, a dedicação gera confiança, a confiança gera partilha, a partilha gera a necessidade de sermos em conjunto ao invés de sermos em separado, naturalmente, sem nós... apenas porque sim.
Tentando que o corpo consiga fazer o que a cabeça muito facilmente esquematiza... não é fácil, mas vou lá chegar.

Saturday, January 15, 2011

Sentir que, pouco a pouco, me inunda novamente a energia de que sou feita, a felicidade que andava escondida, a alegria que sempre tive dentro de mim (em momentos de adolescência, mais contida, depois mais evidente). Sentir que a vida faz sentido quando nos aceitamos, nos compreendemos, quando percebemos que vale a pena e que nós valemos a pena. Às vezes não é fácil porque por muitas pessoas que nos rodeiem, que nos ajudem e nos apoiem, esse caminho é nosso, só nosso.
Sinto-me bem.