Thursday, May 29, 2008

Metamorfose Ambulante

... prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...
(Metamorfose Ambulante, Raul Seixas)

Wednesday, May 28, 2008

Um tributo a ti.

Uma denúncia importante... e feita por alguém ainda mais importante! Um dos orgulhos da minha vida... o meu irmão!
(vejo-nos crianças, a andar de bicicleta juntos naquele enorme jardim e ainda não acredito... tu assim, na TV. Eu enfermeira. Tu quase pai. Eu quase tia. O tempo passa rápido. Corre corre. Mas continuamos a ser aquelas crianças de outrora... e ainda que diga que não, orgulho-me de ouvir a frase "é que são mesmos irmãos", quando fazemos, pensamos, sentimos ou dizemos algo semelhante. Vais longe, porque mereces. Tens um tremendo valor.)

Luis Silva, porta-voz da Amnistia Internacional Portuguesa.

Porque eu quero.

Raindrops keep falling on my head...
A chuva é chata. O tempo cinzento aborrecido.
Os dias somos nós que os fazemos.
Têm sido dias de Sol.
PORQUE EU QUERO.
Always dreaming about something good...

Saturday, May 24, 2008

Preto e branco.

Da amizade.
Um jantar delicioso, não pela comida, mas pela companhia.
Uma noite de dança e sorrisos, de gargalhadas vindas "cá de dentro".
Recordar o lugar das noites de verão.
Lembrar também o Erasmus.
Soube bem.
A amizade sabe sempre bem.

Cheiro marroquino.

Hoje estufei frango para o almoço (e para o jantar, porque vinha trabalhar e trouxe a mesma comida) e pus-lhe aquele condimento vermelhinho que comprei em Marrocos naquela loja que tinha pós, poções, cremes e loções para tudo e mais alguma coisa...
E não é que ficou bom??? :)

E a casa ficou a cheirar a tagine...

Thursday, May 15, 2008

Pearl Jam - quando voltam?...


'Keep on rocking in the free world...

Sun.


Gosto de repousar ao sol...

Não passes sem olhar para mim.

Damos connosco a seguir pegadas que podem ser apagadas pela chuva.

Podemos escolher os passos que damos, o curso que escolhemos, a religião que seguimos.
Podemos escolher a cor da roupa que vestimos, o penteado que usamos.
Podemos escolher sorrir ou não sorrir.
Podemos escolher ficar por aqui ou ir mais longe.

O que sentimos... sentimos. Não escolhemos.

Quando sentir, sejas tu quem fores...
não passes sem olhar para mim.

Monday, May 12, 2008

Turno difícil.

Não da para explicar. A intensidade do cheiro, a crueza visual. Achei que não aguentava até ao fim. No final, já mais confortável, depois do choro, daqueles gritos cantados característicos, da tarefa, não fácil, de tentar fazer aquele penso. Aquela agitação que não se explica. Olhá-lo então nos olhos e saber que o perdíamos. Dizer à família para ir para perto dele.
(por favor, não o façam, não me perguntem porquê! Apenas vão...)
Perceber a dor e não controlar o turbilhão que mexe dentro de mim, de nós. Tudo exacerbado por aquela confusão toda. Ele que não diz palavra. Escreve uma carta, de lágrima contida. Não são capazes de escutar.
O sangue não vem. Não, não vem. E mesmo que viesse... onde estaria ele agora? Já o teríamos perdido também, de certeza.
A fragilidade do nosso corpo. Sobretudo a força das emoções, capaz de nos levar aos extremos.
A dureza de nos sentirmos ameaçados pela dor dos outros, incapazes de perceber também a nossa dor. Porque ela existe. Não somos máquinas que cuidam de pessoas, somos pessoas que cuidamos de pessoas. E às vezes dói... magoa... sofre-se.
(sim, também nós choramos a sua partida...)

A aldeia adormece...

Assim comecei a explicar o jogo que tantas vezes jogámos em Marrocos. Reuni os meus primos este domingo, durante a festa da comunhão de uma das mais pequeninas, e estivemos também horas a jogar. Um jogo mais inocente, mais histérico, mais infantil. Mas um bom momento. De gargalhadas, sorrisos... de família (que sabe tão bem!). De saudades também! E lá no final já os tios também jogavam, outros observavam... e a aldeia adormecia mais uma vez.

Saturday, May 10, 2008

Experiência sensorial.

Basta clicar no site que deixo no final deste post, colocar uns phones e fechar os olhos.
Atrevam-se... e desfrutem de uma experiência sensorial incrível.
O nosso cérebro é realmente uma máquina incrível. E os nossos sentidos guias para o nosso dia-a-dia, aos quais nem sempre damos o devido valor. Porque relaxamos mais em certos locais, com certos ambientes? Porque é que um determinado som nos angustia? Porque é que somos influenciados pelas cores, formas e cheiros de tudo aquilo que nos rodeia? Porque é que o cheiro ou movimento de uma determinada pessoa mexe connosco?
E sobretudo... porque não aprendemos a tirar o máximo proveito de tudo isso?

http://www.youtube.com/watch?v=IUDTlvagjJA

Wednesday, May 7, 2008

Sentir.

Tempo de liberdade de pensamento. De liberdade de sentir. Somos seres emocionais. Sentimos, porque não conseguimos viver sem sentir. O olhar não é opaco por isso mesmo. Gosto da transparência. De sentir vida. Dos caminhos que nos abrem a novos mundos. Gosto de sentir. Não interessa o quê. Por vezes magoa. Por vezes eleva-nos a uma outra dimensão de energia. O que importa é que nos toca. Mexe connosco.
Na vida temos de dar tudo. Só assim a vida nos dá tudo de volta.
Searching...

Monday, May 5, 2008

Dia cheio.

Fala-se de retomar a rotina, após as férias.
Dureza... dia cheio o meu. Horas de formação, perdidas em sonhos e sono (sim, dei umas quantas cabeçadas "à Ronaldo"... ao ponto de chegar a ser questionada pela formadora: "então, está a ser difícil? Fez noite?", ao que respondi, "não, não fiz turno nenhum, mas está a ser difícil à mesma").
E depois o serviço que não se compadece com os pensamentos ainda não assentados neste quotidiano. Os "meus doentinhos" que precisam de mim. Ora para um comprimido "e agora quero é dormir, deixe-me em paz" ou para uma palavra mais aconchegante, que os afaste da ideia de que estão doentes... Gosto deles. Do que sou ali, mesmo quando custa mais ir para lá. Mesmo quando as situações são difíceis demais. Gosto de saber que não permito que se sintam totalmente sós. E que dentro do mal... os consigo pôr um pouco mais confortáveis.
É duro sim, voltar. Mas faz parte. Quem dera a vida ser só dunas e dromedários (pronto... faço-me entender!). Mas também gosto. A beleza das despedidas é que, se custam um pouquinho, é porque o encontro valeu a pena... e se tornam apenas num "até já".

Sunday, May 4, 2008

É melhor senti-la, do que não sentir nada.

A dor de subir a grande duna. A dor de andar no dromedário durante 2 horas (e voltar a andar outras 2 horas no dia a seguir). A dor da meia hora até à praça de Marrakech à chapa do sol. A dor de saber que se termina. A "dor" de amanhã voltar à rotina.
É melhor senti-la do que não saber o que é.
I'd rather feel pain than feel nothing.

Sorrir.















... as 13 caras de Marrocos ...
... obrigada! ...


Saturday, May 3, 2008

Praça de Jemaa el-Fna - Marrakech


... Cozinhando em plena praça ...

Marrakech


... Marrocos em cores, sabores e cheiros ...

Fotoadrenalina no Deserto - Marrocos 08

Começou no dia 25 de Abril de 2008 mais uma expedição da Fotoadrenalina, desta vez ao Deserto (Marrocos).

Decidi inscrever-me, com mais umas amigas, mas sem grandes referências do trabalho realizado por este “grupo” (desculpa Vítor, mas isto tem, inevitavelmente, de ficar entre aspas). Marrocos era também um país do qual já tinha ouvido um pouco de tudo – era perigoso, era deslumbrante, era maravilhoso para compras, era… No fundo, não tinha grandes expectativas, mas como um dos maiores prazeres que tenho na vida é viajar, decidi ir.

Esta expedição foi então um misto de sentimentos, vivências, momentos… todos eles guardados na melhor das máquinas fotográficas que existem no mundo – a nossa memória. Mas sim, não fosse esta uma expedição fotográfica, todos eles também captados, através das diferentes perspectivas e diversos olhares, nas máquinas que cada um de nós levava.

Foi então cor. A cor da terra, aquele “terrakota” que para sempre ficará associado às casas de Marrakech, às aldeias por onde passámos. A cor das diferentes especiarias vendidas na praça de Jemaa el-Fna. Das laranjas perfeitamente encaixadas entre si à venda na mesma praça, em forma de sumo. O amarelo do deserto, a perder de vista. O azul do céu por cima de nós. O preto da noite, apenas quebrado por aquele pontinhos brancos, dispersos, chamados estrelas. Aquela palete de cores da Medina… dos sapatos, colchas, tapetes e colares que por lá se vendiam.

Foi também cheiro e sabor. O cheiro da comida condimentada, intenso, que apelava a uma garfada… e o sabor da mesma. Os tajin, as brochettes, os sumos de laranja, o pão marroquino, o “whisky berebere”. Os cheiros dos mercados. O cheiro da pedra trabalhada naquela fábrica.

Foi esquecer tudo o que aprendemos sobre cuidados com a alimentação, ou melhor, com a higiene na preparação e conservação dos alimentos. Carne exposta ao sol e a outras coisas, comida feita com as mãos sujas, batas brancas (ou não) que nos servem, vegetais duvidosamente lavados (mas tudo, sempre, demasiado saboroso para se poder resistir).

Foi deserto. O calor, a imensidão. Os pontos pequenos avistados, pessoas que caminham por ele. Dores musculares que permanecem, após 2 horas no dromedário, mas o analgésico da mente, apenas porque era divertido. As tendas, fustigadas pelo vento e pela areia, onde dormimos. O jantar, à luz das velas, onde estavam todos mais preocupados com a ausência de WC do que com o sabor da comida (que estava deliciosa, por sinal). A saída em grupo (feminino), para urinar à frente dos dromedários, escondidas pela noite. As gargalhadas nas tendas. O medo disfarçado de que algum escaravelho nos visitasse durante a noite.

Foram as crianças a correr para a beira da estrada, acenando sorridentes. Os pedidos de dinheiro, canetas e rebuçados com a mão estendida. A pele escurecida pelo sol, pelo pó e pela terra.

Foram as mãos cobrindo a cara perante uma fotografia, daquelas mulheres e crianças que receiam a exposição.

Foi o contraste com a nossa realidade cultural. Os lenços cobrindo o rosto, os lenços cobrindo todo o corpo. A ausência das mulheres nos locais de lazer. A figura dominante do homem.

Foi aquele som ecoando na cidade, que parece silenciar-se para o ouvir. Apelo ao tempo de oração. Estendem-se aqueles pequenos tapetes e inicia-se um momento de encontro consigo e com algo superior – nas lojas, nos aeroportos, no mercado.

Foram as vendas, intermináveis, de tapetes, turbantes e colares. Negócio de papel e caneta na mão onde raramente o preço inicial se assemelha ao preço final – e sempre com a certeza (dada pelos vendedores, claro!), de que estamos a comprar a peça de melhor qualidade.

Foi o silêncio de olhar, quando apenas isso era necessário para perceber a beleza do que tínhamos perante nós. Era somente nesse silêncio que conseguíamos projectar o significado de tudo.

Foi superação de limites. Pelo menos, dos meus limites. Subir a grande duna até ao topo e sentar-me, à conversa, no vértice da mesma, após ter dito várias vezes pelo caminho que não conseguia e que ia ficar por ali. A vocês, que puxaram por nós lá de cima, e a ti, que me acompanhaste lado a lado até ao cimo… “quando achamos que não conseguimos mais, conseguimos sempre mais um pouco.” (ninguém chega sozinho a lugar algum). E a grandeza de tudo à volta, visto lá de cima. Poder dizer que lá estive…

Foram desarranjos intestinais e conversas da m**** (muitas coca-cola’s e bananas preventivas), dores de cabeça, dores musculares. Foram comprimidos e mais comprimidos ingeridos (Imodium’s a saltar dos bolsos!). Foi nunca parar por causa disso.

Foram momentos de “relax”. Banhos na piscina, refeições conversadas, instantes prolongados de contemplação, conversas infindáveis no jipe que nos levava sempre ao próximo destino. Foi o jogo da aldeia, jogado por acaso numa noite às portas do deserto. Jogado muitas mais vezes depois disso. Jogo de desconfianças e confianças, de formação de ideias sobre o outro, de observação atenta, fotografias de pensamentos captadas inusitadamente, gargalhadas sinceras (um brinde aos lobos, às videntes, aos aldeões, aos narradores!). Foram cantorias nos restaurantes, nos jipes, nas ruas. Vozes pouco afinadas, timbres desajustados… o sorriso de quem se diverte.

Foram os Kasbahs, Âit-Benhaddou, Alto Atlas, Merzouga, Tombouctou… nomes complicados de lugares simples que nos enchem o peito e a alma. Foram as pistas de Dakar, a poeira levantada, os buracos das estradas.

Foi, obviamente, fotografia. O tempo e espaço que ela exige, as técnicas explicadas ao longo da semana, o conhecer da máquina com que a tiramos. Foi perceber que nada sei de fotografia. Foi o aguçar da curiosidade.

Foi o número 13 e um grupo que se formou. Um grupo de pessoas diferentes. Faixas etárias diversas onde se ouvia muitas vezes “no meu tempo não era assim” ou “isto não é do teu tempo” (continuo a dizer que vocês são uns “cotas porreiros”!). Um grupo que passou de um aglomerado de pessoas desconhecidas a um grupo coeso de pessoas que se conhecem hoje um pouco, que partilharam pedacinhos de vida, bocados de si.

Foram os abraços de despedida, as promessas de um novo encontro em breve… e a questão levantada: onde vamos viajar para o ano? (com a fotoadrenalina, claro!)