Friday, October 31, 2008

You did it! Dedicado à tua coragem.

Porque desde que comecei a trabalhar tu estiveste practicamente sempre connosco. Atravessaste fases de imenso sofrimento, dor real, física e emocional. Porque sobreviveste quando ninguém achou possível que tal acontecesse, a uma cirurgia muito complicada que pôs em causa a tua imagem física e a tua capacidade de te adaptares a um corpo diferente nos movimentos e tarefas do quotidiano. Conseguiste. No alto dos teus 23 anos, hoje saíste do hospital com alta, para casa... para o aconchego da casa da tua família, com um sorriso gigante e o brilho nos olhos... por um lado de saberes que ganhaste mais uma batalha... por outro creio ter visto uma lágrima a querer sair, talvez de saudades de um espaço que também já era teu e do receio em te ausentares dele.
Não conhecemos o teu destino. Sabemos que poderá não ser bom. Talvez piores... não sabemos quando. Quero que aproveites. Vive cada segundo. Mostra que danças e jogas futebol melhor do que muitos, apesar da prótese e da canadiana. Come os chocolates todos que puderes, apaixona-te pela rapariga mais gira do bairro e beija-a. Não deixes que o tempo passe por ti. És, no fundo, uma criança... uma criança da minha idade mas uma criança. É hora de viveres a juventude que perdeste.
Ficarei feliz por ti se te for vendo de vez em quando... sempre sorridente. O pessoal por cá também fica com um brilhozinho nos olhos ao falar de ti... é a lágrima contida da conquista, a conquista de dias bons para ti.

A ti, à tua coragem...

Pessoas.

Sentada no corredor do meu serviço. São 2h40. Estou aqui, mas não devia estar. Devia ter saído às 23h... mas tive que ficar a substituir uma colega.
Espreito os blogue's dos outros. Textos inspirados pela saudade, pela melancolia, pela tristeza... também pelo humor, pelo quotidiano, pelas coisas simples.
O meu post hoje é inspirado nas pessoas. Nas que se cruzam por mim na rua e com quem troco um olhar rápido, questionando-me, quando assim tenho tempo, sobre para onde vão, de onde vêm, o que procuram na vida. Nas que fizeram parte da minha vida num passado que já lá vai e que não voltei a ver... umas que deixam saudades e memórias de momentos bons... outras que não merecem talvez grande espaço na minha lembrança. Aquelas que me ensinaram o que é a vida... porque me mostraram o que é o amor, a amizade, a tristeza e a coragem. Porque me ensinaram a chorar e não ter medo de o fazer; a amar e não ter medo de o mostrar ao mundo; a sorrir e partilhar esse sorriso com os outros; a abraçar sem receio de me perder no abraço; a olhar e ver quem está do outro lado. As que estão hoje aqui, em cada quarto que está à minha frente... as que por cá passaram... as que irão passar... detentoras de emoções, sentimentos e palavras que pautam tantas e tantas vezes o meu pensamento. Vidas e mortes que me dão e me tiram energia, mas que marcam sempre. As que me mostraram o que é o dia-a-dia de uma vida cheia de histórias para contar, de experiências e vivências sentidas ao longo de dezenas e dezenas de anos... e aquelas que com o esboçar de uma simples expressão facial ternurenta me mostraram o que é ter toda uma vida dessas experiências ainda pela frente.
É dedicado às pessoas porque delas há tanto para falar... (e ainda me faltaria dizer tanto, de tantas com que já me cruzei nos meus poucos anos de vida).
... Imagine all the people
Sharing all the world ...

Wednesday, October 15, 2008

Uma gravidez masculina.



Nem de propósito, após ter falado deste caso numa conversa há pouco tempo, eis que vejo um programa da Oprah em que este pai conta a sua história, acompanhado pela esposa com quem está casado há 5 anos. Fiquei a perceber que ele já foi ela mas ainda assim fiquei sem perceber muita coisa... como um dos seus vizinhos disse, e muito bem, no programa: "quando soube de tudo isto...
senti-me sexualmente disléxico".
Será que a natureza está a adoptar novos caminhos ou será que os caminhos são os mesmos, apenas com uma "imagem diferente"?

Sunday, October 12, 2008

O tempo passa... e é como se não tivesse passado.

Rever uma cara familiar, um sorriso meigo, um abraço amigo. Olhar para ti e ver-te bem, feliz, calma, tranquila com a vida e contigo. Soube bem. As saudades eram já muitas. Um fim de tarde e uma noite de conversas longas e muitas histórias. As Caldas acolhem-me sempre bem... e eu recebo o carinho de coração cheio. Fazes falta mais perto, mas as distâncias nem sempre são físicas e, bem dizias tu, "como vês, passa o tempo e é como se não tivesse passado". Além disso, é a tua casa, são as tuas raízes. Pertences ao Campo e à Gaiola! :)
Obrigada por estes momentos!
Amizades de ontem, hoje e amanhã.
P.S. - Companheiro de viagem ! Muchas gracias también! :) Temos é de lá voltar de dia, para termos um tour completo por aquelas terras lindíssimas! (são 4h27 e ainda estou aqui a escrever...)

Acesso ao essencial.

No sábado lá nos reunimos todos, ou quase todos, aqueles que tínhamos ido a Cuba há umas semanas atrás para trocar fotografias, matar saudades, ver as nossas "figurinhas" filmadas durante estes dias em terras estrangeiras. Como sempre, soube bem. Sentir o aconchego da vossa companhia e da tranquilidade que ela me dá... sentir que somos "tanto" juntos que somos todos "um pouco mais" por isso.
Adiante... no meio de tudo aquilo, eis que surge um documentário na Sic Notícias que há muito ansiava ver. Do mesmo realizador de "Tropa de Elite" e "Cidade de Deus", "Ónibus 174" relata o sequestro de uma série de reféns num autocarro por um jovem, numa cidade brasileira, que no seu momento foi muito noticiado. Nele tenta-se perceber um pouco do passado daquele rapaz, menino de rua, e procuram-se algumas explicações (?) para a razão que o leva a ter uma atitude assim. Surge entre nós uma discussão infindável de se ele tem culpa, se não tem, se a polícia devia ter atacado mais cedo, se não devia, se a justiça popular é compreensível nestes casos ou não. A verdade é que aquela é uma realidade que não é nossa, uma vida que em nada se assemelha à que nós levamos...
Que sei eu sobre viver na rua?
... sobre ver a minha mãe ser esfaqueada à minha frente e morrer nos meus braços?
... sobre roubar para comer?
... sobre roubar para sustentar um vício que me ajuda a levantar-me todos os dias e "sobreviver-lhes", ainda sendo um mau vício?
... sobre não saber ler ou escrever e não ter ninguém disposto a ensinar-me?
... sobre não ter razões para sorrir, pelo menos, uma vez por dia?
... sobre estar num autocarro, horas a fio, com uma arma apontada para mim e as ameaças de que a qualquer momento poderei ser morta?
... sobre estar a ver um homem, imprevisível, dentro de um autocarro, dizendo que vai matar toda a gente?
... sobre ter em mira a cara de alguém e bastar só um pequeníssimo movimento para acabar com a vida dessa pessoa?
... sobre não saber a intenção dele quando sai do autocarro com a refém?
... sobre viver o meu quotidiano com medo e receio?
Não sei nada. Gera-se toda uma discussão sobre algo que tento, mas não consigo perceber. Não sei quem devo julgar e como o devo fazer. Nem sei sequer se tenho esse direito. Não consigo imaginar como foi a vida daquele miúdo e, quando tento, arrepio-me, a lágrima aproxima-se do canto do olho e penso que ele não tem nada que o proteja... NADA. Nem uma memória boa... nem a lembrança sequer de um afecto. Mas também penso no outro lado. No medo que criou, na insegurança que aquelas pessoas sentem, no que é suposto a polícia fazer e que não é tão fácil como podemos achar às vezes que é. Disparar, sabendo que ao fazê-lo matamos alguém... não é apenas uma questão de treino.
Como posso eu tentar sequer perceber?
Gostava que todas as crianças tivessem acesso ao essencial: afectos. A mão que os agarra quando começam a perder-se, o sorriso que os recebe no regresso de algum lugar, o abraço que lhes diz "não chores, não tenhas medo... estou aqui."
O mundo é tão cruel às vezes, que nem isso lhes consegue dar. E depois?... Ficamos envolvidos num ciclo vicioso de ódio que gera medo que gera ódio. Quem se encontra no meio do ciclo... sofre, de uma maneira ou outra, sofre sempre. Quem se encontra fora, como nós, bem tenta compreender... mas será que concluimos algo?

Wednesday, October 8, 2008

Comunicando.

1º Axioma da Comunicação
"É impossível não comunicar."
Tudo o que fazemos comunica algo ao outro. Ainda que não falemos, os nossos gestos, a nossa postura, o nosso olhar, dizem muito sobre aquilo que estamos a sentir e a pensar num determinado momento.

“A coisa mais importante na comunicação
é ouvir o que não está a ser dito.”
(Peter F. Drucker)

Probabilidades


Qual é a probabilidade de olhar, de repente, para o mostrador do carro, e ver um número tão certinho de km percorridos?
O meu Clio fez 50000... em plena rotunda do Marquês, acabadinha de sair de um turno de noite :)

Cemitério no hospital



... sim, é um cemitério de camas, mesas de cabeceira e mesas de refeição, em pleno pátio do hospital onde trabalho. São as camas do meu serviço... antigas, ferrugentas, pesadas. Substituídas agora por camas eléctricas, todas XPTO, com botões que fazem tudo! Acabaram-se as dores de costas por subir grades que não sobem ou por dar à manivela para levantar e deitar doentes... A quem pagou isto com os seus trabalhos de investigação... MUITO OBRIGADA! As nossas costas agradecem... e os doentes que dormem agora mais confortáveis também! :)
Insólitos...