Thursday, March 31, 2011

Há momentos assim, como o de hoje, em que não consigo conter as lágrimas... E perante a pergunta, não tenho resposta, nem quero tentar responder.
Deixar esta vida em completa solidão, acompanhada de uma degradação extrema do corpo e da alma, longe de todos os que lutaram por ti ao longo destes anos. E deixar os de sempre em sofrimento, angustiados por uma culpa que não é de ninguém. É tempo de luto, de despedida... do irmão, do filho...

Tuesday, March 29, 2011

São aqueles momentos intensos... seguidos da tranquilidade dos momentos em que simplesmente estamos. É não ter um nome para dar ao que vivemos. É olhar para estes momentos e não conseguir explicar como chegámos a eles. É a envolvência que me enche, a ausência que custa. É a incerteza e as certezas, misturadas. É olhar para o passado e perceber que já passou muito tempo e precisava disto, mas não saber bem o que isto é. Foi a vida a pregar-me uma rasteira e a apanhar-me de surpresa, quando menos esperava. É olhar, sentir, tocar, respirar, abraçar, estar. É sentir-me demasiado bem contigo...

Friday, March 25, 2011

Foi um daqueles dias. Um daqueles dias em que foi bom, sem mais...

Saturday, March 19, 2011

Ontem...

Foi um dia de folga, de descanso, de dormir até tarde. Foi um dia para estar um pouco com a minha mãe. Um dia de encontros inesperados em lugares inesperados. De televisão e sofá. De um passeio curto mas bom nas ruas da Baixa. Depois foi uma noite de roda boa, repleta de axé, malandragem, boa disposição. De sorrisos malandros, do jogo que esperávamos ver, da queda dele que o fez sorrir imensamente. De União. Boa música, boa bateria. Daquela energia que me leva todos os dias que vou e me dedico no treino ou na roda, a voltar. É qualquer coisa que não consigo explicar. E foi depois um jantar bom, ao qual cheguei um pouco tarde mas cheguei. Sempre a tempo de estar com vocês, de partilhar bons momentos e muitas confidências. De ouvir aquelas palavras que me dizem e me sabem bem: "estás tão bonita, a sério, queríamos dizer-te isto... irradias uma energia boa". Sim, sinto-me bem, finalmente volto a encontrar-me. A confiança em mim, o olhar-me ao espelho e ver o que tenho de positivo, voltar a perceber o que é importante e prioritário para mim e pôr isso sempre em primeiro lugar. Luta difícil nos últimos anos, mas agora em fase de conquistas e vitórias. E isso nota-se. Acredito que sim. Em tantas coisas no dia a dia. E foi depois irmos para o Bairro, ficármos na rua do elevador da Bica... sentados nas escadarias até quase às 4h, na partilha de pequenas grandes coisas. Nós temos uma história de momentos destes, simples, mas que se entranham em nós e se tornam grandes memórias. Vocês são uma grande parte de mim e nunca consigo pôr em palavras o quanto ter-vos me ajuda a crescer e a ser mais feliz todos os dias... nos momentos bons e maus.
Um simples mas sentido obrigada por tudo, a quem contribuiu para todos estes momentos e tornou o dia de ontem aconchegante...

Tuesday, March 8, 2011

Jantar bom ontem. Convite inesperado. Tempo e disponibilidade para o aceitar. Longas conversas, partilhas. A tua casa, transformada à tua maneira. Encaixas-te bem nela, no centro da cidade. Nós as três, as conversas sobre tudo. Falamos da vida, do trabalho, da eterna luta para melhorármos algo que está tão acima de nós. Falamos de nós, dos momentos que temos e vivemos. E foi bom... porque as coisas simples são sempre as melhores. Tudo depois de um dia intensamente bom também. E adormecer, exausta... no final de tudo.

Monday, March 7, 2011

O sr. J. P.

Ouvi os seus gemidos e aproximei-me. Uma vez mais contorcia-se na cama com dor. O suor escorria-lhe pela face. Não conseguia falar. Mais um espasmo e uma dor insuportável para si. Dei-lhe a mão. Dei-lhe também a medicação analgésica disponível. A dor física passou mas olho para si e mantém-se outra dor, a que não consigo diminuir com comprimidos ou injecções. Mantém-se a dor de alma. Então olha-me nos olhos, engole em seco, contém algo que ia dizer. Dou-lhe o espaço para falar... aquele espaço, em silêncio, de quem aguarda o que estiver disposto a partilhar. E então diz: "não me importo de sofrer, de ir para casa e sofrer o que estou a sofrer aqui, só não quero morrer". Então olho-o, novamente, aperto-lhe a mão. Ele pergunta: "vou morrer?". Respondo que há coisas como a dor e a ansiedade, que podemos ajudar a controlar. Mas que outras coisas não conseguimos evitar. Chora novamente, um choro desesperado, contido mas raivoso ao mesmo tempo. "Porquê a mim?" Falamos sobre o que o preocupa... a resposta é curta: "só me preocupa morrer e deixar cá a minha família". Pai de duas filhas, de 15 e 2 anos, asseguro-lhe que o iremos também ajudar a despedir-se delas, e da sua esposa, e da sua mãe... As lágrimas não param... Eu quero, ao mesmo tempo, estar consigo e fugir dali. Permaneço. Até sentir que está capaz de me soltar a mão...

Saturday, March 5, 2011

Há coisas na vida que não se explicam.
Quando damos conta algo aconteceu em nós, entre nós, com o outro, e não nos apercebemos sequer... apenas nos sentimos bem, por muito complicado que tudo possa ser às vezes.
Dias bons...

Noite de despedidas...

Noite de despedidas. Ontem uma roda especial. Aquela em que dizíamos adeus à Cocorocha. Éramos poucos mas estávamos lá de corpo e alma. Era um dia especial e isso sentiu-se. As lágrimas que ela não contém, as palavras que não consegue pronunciar. Os abraços. Depois lá fomos nós para casa do Máfia. Mais bons momentos. Boas conversas, muitas gargalhadas. E quando a noite chegou ao fim, aquele novo abraço, aquelas novas lágrimas... Vou sentir a tua falta. Entrámos quase ao mesmo tempo. Lembro-me que me senti melhor com a tua presença porque já não era a única pessoa nova ali. E tu, tu és uma pessoa fantástica miúda.
Não gosto de despedidas. Do peso que carregam, da tristeza que as acompanha. No entanto, quando custam, é porque o encontro prévio valeu a pena. E como já combinámos... não é um adeus, é um até breve...
Até à próxima roda Cocorocha... Salve capoeirista! E muito axé! :)

Black Swan


Filme intenso. De imagens fantásticas de dança, acompanhadas de uma banda sonora que, só por si, "cria um ambiente". De como se investe num projecto de vida, num sonho... e tudo nos atropela. Os limites que se ultrapassam tantas e tantas vezes nos meios artísticos e desportivos para se alcançar a perfeição. A realidade e a imaginação, misturadas... confundindo-se entre si. De pequenos grandes momentos de cinema, como aquele em que ela, dançando, se vai transformando... culminando num mar de aplausos e num agradecimento de bailarina cuja sombra nos mostra algo distinto. Ou aquela outra imagem, do movimento do corpo, músculo a músculo. Ela, merecedora clara do óscar de melhor actriz. Absolutamente brilhante. De uma meiguice e ferocidade simultâneas que até corta a respiração, angustia, surpreende. O filme termina e eu, atordoada, nem sei bem o que dizer ou pensar. É um filme pesado, do princípio ao fim. Mas vale, sem dúvida, a pena.

Tuesday, March 1, 2011

Ponto final.

E hoje acabei. Acabei o trabalho, imprimi e encadernei. Completei assim mais uma etapa. Não sei com que nota, mas desde que seja positiva, não me interessa. Ponho assim um ponto final numa caminhada que teve momentos bons, momentos maus, momentos muito maus. Foi o cansaço, de trabalhar 40 horas e ir ainda fazer 24 horas a estágio, com trabalhos escritos para fazer... Adormecer ao volante, adormecer a ler algo, adormecer em todo o lado... Foi a repugnância que determinados comportamentos dos enfermeiros me provocavam... Foi ver e ouvir coisas que sempre achei que alguém que decide ter esta profissão não faz e não diz... Foi perceber que quem me orientava, por vezes, precisava de mais orientação que eu... Foi sentir que olhavam inúmeras vezes para mim como "demasiado jovem", sem considerar a minha experiência pessoal e profissional prévia... sem olharem para mim, para além da minha idade... e foi compreender que dei a volta a isso, mostrando que mais vale 5 anos de profissão, formação contínua, aprendizagem e crescimento, do que 1 ano de profissão repetido 20 vezes (como dizia um bom professor dos tempos da licenciatura)... Foi lutar pela humanização dos cuidados numa área em que os doentes estão (ainda) mais desprotegidos, porque são "malucos" e ninguém os ouve... Foi crescer, às vezes não da forma mais fácil, um pouco mais, como pessoa e como enfermeira...
E... como sempre, foi perceber que em tudo na vida, em todos os momentos bons e menos bons, há sempre "aquelas" pessoas que acreditam em mim, me apoiam, compreendem a minha ausência... os amigos e a família são, de longe, o que de mais importante existe na vida. Obrigada a vocês, por tudo...