Monday, December 26, 2011

Natal... no hospital.

Ser enfermeira acarreta algumas coisas menos positivas. Ter de fazer turnos que nos alteram rotinas e o próprio organismo, que não sabe se é hora de dormir, acordar, comer ou trabalhar... é uma delas. Outra, e para mim, a pior de todas, implica que em determinadas datas festivas, que toda a minha vida passei em família, tal como o Natal, eu posso ter de trabalhar. Este ano aconteceu isso. E não foi nada fácil. Entrei às 15h de dia 24 e terminei o trabalho às 9h de dia 25. A tarde foi de muito trabalho, mas permitiu ainda sentir algum do espírito natalício... no entanto, a noite trouxe consigo muita tristeza, muita azáfama, um pequeno grande caos... e trouxe consigo também a morte, tão pouco desejada, e acompanhada de muito sofrimento, com imagens que acho, não vou esquecer tão cedo... as lágrimas vieram-me aos olhos por várias vezes durante a noite e tudo o que me apetecia era o calor da minha casinha e a companhia de quem quero bem... família e amigos. Valeu mesmo estar a trabalhar com uma colega que, antes de mais, é também amiga, e ver alguns sorrisos bons de um ou outro doente que desfrutaram de uma rabanada ou de uma saída rápida do serviço para um jantar com os amigos... "e foi o melhor jantar da minha vida", dizia... (ainda bem!)
Hoje alguém me (re)lembrou deste meu espaço... não que o tivesse esquecido, apenas não sabia bem o que queria escrever. Tenho tido uns dias algo agitados, com bastante trabalho, bastante bom convívio, bastante Capoeira... e tem sobrado pouco tempo para ficar em casa e tirar o tempo para escrever aqui. Hoje foi um dia bom, tranquilo, de passeio e cinema. Sentiu-se a moleza no ar, algum cansaço... mas o dia estava bonito, o sol radiante, daqueles dias de Inverno, frios, mas repletos de luz. E regressei a um local que me é tão querido e do qual tinha saudades... a serra da Arrábida. Já não me lembrava do silêncio que a envolve, da tranquilidade, daquela vista deslumbrante de Tróia... e voltei a apaixonar-me pelo lugar. E viver novamente este paraíso, com mimos, boa companhia, sorrisos e boa conversa, soube a ouro. Uma boa forma de celebrar as datas festivas em que estamos, restabelecer energias e matar saudades tuas, também. E ir ao cinema foi algo que parece que não fazia, igualmente, há muito tempo. Um filme descontraído, o som de dezenas de pessoas a comer pipocas, tu e eu. Temos de o fazer mais vezes.

Thursday, December 1, 2011

A família veio em peso. Apenas alguns dias após a sua morte, de lágrimas nos olhos, face triste, ombros carregados pelo peso da sua ausência. Mas vieram, porque faziam questão de agradecer a toda a equipa o apoio, os cuidados prestados. Um nó na garganta e a minha incapacidade para dizer muito mais para além de lhe apertar a mão. Não partilhamos a dor da mesma maneira, mas recordamos ao vosso lado os seus últimos momentos. E relembro aquele pequeno toque na testa que lhe dei, procurando uma resposta à minha pergunta que não tinha chegado no tempo previsto. A forma como esse pequeno toque nos permitiu comunicar e fez sorrir a sua família, por momentos.