- Nunca choro.
- Por que não?
- Ninguém pode magoar-me dessa maneira."
"Por fim, ela levantou o rosto.
- Às vezes sinto-me muito sozinha.
Assenti com a cabeça.
- Achas que vai parar um dia?
Voltei a esboçar um aceno de cabeça vagaroso.
- Sim, acho que sim, um dia - respondi.
Sheila suspirou, afastou-se de mim e levantou-se.
- Um dia nunca chegará, pois não?"
"- Vai-te embora - disse num tom baixo mas firme, por entre os dedos.
- Porquê? Porque estás a chorar?
Baixou as mãos e olhou-me de fugida.
- Não - respondeu. - Porque não sei o que fazer."
"Corre-se o risco de chorar quando se deixa que alguém nos cative. Acho que é normal.
Sheila premiu os lábios e limpou o resto das lágrimas do rosto.
- Ainda dói muito, não é?
- Oh, sim! Dói muito."
"- Lembra-te de que me cativaste. - Sorri. - És responsável por mim. Isso significa que talvez choremos um pouco agora. Mas dentro em breve, só nos lembraremos de como fomos felizes juntas."
Termino, com aquilo que conclui também o livro. Quando o lerem, perceberão a força deste poema.
Tentaram fazer-me rir
Brincaram comigo
Algumas vezes para rir e outras a sério
E depois partiram
Abandonando-me nas ruínas das brincadeiras
E eu não sabia quais eram a sério
Quais eram para rir e
Vi-me sozinha com os ecos de risos
Que não eram os meus.
E depois tu chegaste
Com os teus modos estranhos
Nem sempre humanos
E fizeste-me chorar
E não pareceste importar-te que chorasse.
Disseste que as brincadeiras tinham acabado
E esperaste
Até que as minhas lágrimas se transformassem
Em alegria.
A Torey com muito «Amor»