Wednesday, June 3, 2009

Perguntas com respostas difíceis.

Perguntas que sabia que iriam surgir. Perguntas para as quais talvez já soubesses, lá no íntimo, as respostas, mas que tinhas de ouvir por alguém que as pudesse confirmar. Como estão eles? Eles, muitos deles, a maioria, já não estão entre nós. Dureza em palavras que não conseguimos tornar mais leves. A morte traz isso consigo muitas vezes, dureza. Mas traz tudo o resto também... saudade, memórias, recordações, os momentos que só nós, e mais ninguém, partilhou com aquele doente, com aquela família... e que foram bons, difíceis mas bons. E os que não foram tão bons? Ajudam-nos a pensar como os tornar melhores da próxima vez. Não há livro algum que nos dê receitas sobre "o que fazer como enfermeira em situações de doença terminal"... e se dá, não é um bom livro. Existem muitos sim, que nos ajudam a reflectir práticas. Esses sim, vale a pena ler. E vale a pena ler-mo-nos a nós mesmos, ao que fizemos e não fizemos, à razão que nos levou a fazer ou não fazer, o que nos assustou, o que dissemos quando ele nos disse "vou morrer no hospital", o que sentimos então, o que fomos capazes de fazer e o que nos assustou demais e nos impediu de dar um passo mais neste percurso.
Mas só o simples facto de nos questionármos mostra que não passou ao lado... e se não passou ao lado é porque valeu a pena. Doeu? Custou?.... E agora?... Depois de tudo, valeu a pena ou não?
Esta é dedicada a ti, V., pelo mail que me mandaste e pelo mail que irás receber como resposta... e a todos, aos 9, porque acreditem, valeu a pena.

2 comments:

Vanessa said...

Obrigada Sr. Enfª =)! Com este estágio cresci imenso, mas continuo a sentir-me tão pequenina e a precisar de saber tanto! Perante questões tão simples que nos fazem, surgem dúvidas de natureza tão imensa!

"quando nada mais resta fazer, podemos ainda amar e ser amados, e muitos moribundos, no instante de deixarem a vida, nos têm lançado esta mensagem pungente: não passem ao largo da vida, não passem ao largo do amor" Marie de Hennezel (1999)

Aprendi neste estágio que um simples segurar de mão, demonstrando carinho, é como um porto de abrigo para a pessoa doente.

Beijinho****

Anonymous said...

Hola Isabel!

Casualidades de internet, despois de 13 anos (ou máis) volvo a atoparte, e tras votarlle un ollo ó teu blog, vexo que es moi feliz por terras portuguesas -das que tanto e tan ben nos falabas- cousa que me alegra muito.

Cambiaron moitas cousas nas nosas vidas (e tamén nas vidas dos outros compañeiros), pero hai algo que non cambiou en absoluto, que son os bos recordos deses anos que vivimos xuntos no colexio.

Non sei si a estas alturas saberás xa de que se trata, pero sí, son un antigo compañeiro teu do colexio Rosalía de Castro de Padrón: Ángel González.

Como dixen fai moitos anos desa etapa, e tal vez para ti xa estea olvidada, pero non quería deixar pasar esta oportunidade de saudarche e desexarche o mellor.

Seguirei lendo o blog de vez en cando, así saberei que todo vai ben.

Sen máis, un bico e un fortísimo abrazo.

Ángel González Lens. (angelgonzalezlens@hotmail.com).

P.D.: Segues debéndonos unha visita a Galicia.