Friday, July 31, 2009

Esperar porque se tem medo.

Esperar que o outro nos diga primeiro que nos ama não nos torna mais poderosos... só mostra que temos medo.
Eu já tive medo e arrependi-me. Agora aguardo o dia em que possa dizê-lo, sem esperar pelo outro, simplesmente porque o sinto. Uma palavra forte, para um sentimento forte. Que não vou deixar que me passe ao lado. Quando?...

Wednesday, July 29, 2009

A Noa e o seu primeiro ano.

Dia 21 de Julho a minha sobrinha fez um aninho e uns dias depois foi baptizada!!! E eu, como tia e madrinha, falhei ao não assinalar tais eventos neste meu espaço!!! Aqui fica a lembrança... porque tu Noa, és um tesourinho que entrou há pouco mais de um ano nas nossas vidas e nos faz sorrir imensamente. Cada dia é uma descoberta, uma aventura, uma nova gargalhada ou a tentativa de pronunciar novas palavras.... é comida (porque adoras comer sua gulosa!), é água e chá (apontas para os biberões e só dizes "dá dá"), é o pão que adoras mordiscar e deitar para o chão para o Picasso apanhar... a fruta que gostas de experimentar e da qual gostas de sorver o sumo... as mãos sempre a tocar tudo, a perceber formas e sentir texturas... o brilho dos olhos perante uma nova conquista... os passos que dás, sempre agarrada a algo ou alguém, ainda receosa de os dar sozinha. E sim, também é o cansaço dos teus pais, pelas noites mal dormidas... mas é amor, sobretudo muito amor, que todos os que te rodeiam sentem por ti.
A ti, meu anjinho...
um grande beijo!

Tuesday, July 14, 2009

Prova de amor.

Haverá maior prova de amor - do amor de toda uma vida, da partilha de anos enquanto casal -que o cuidar do outro até ao fim, até ao último suspiro?... Ter ficado porque algo a impeliu a isso, algo lhe disse que hoje a hora da visita era uma mera formalidade. Morte. E só depois, só depois chorar a sua perda e sentir o desespero, o abismo do momento de solidão entre o terreno e o mais além... Fazer a derradeira despedida e partir em silêncio, acompanhada pelos frutos dessa vida em comum, filhos de cara inchada que choraram também, o momento que não queriam que se desse jamais.
Hoje assisti a um momento assim. Duro... mas bonito. Não se trata apenas de dor, de morte, de luto. Trata-se de cuidar e de amar. A morte também é isso. É bom percebê-lo.

Monday, July 13, 2009

Papéis que a vida nos faz assumir.

Às vezes sinto que carrego um peso sobre os ombros superior ao que os meus ombros podem suportar. Oiço, vejo e sinto o que, acho, talvez não devesse ouvir, ver e sentir. Vejo o tempo, o desgaste, a distância. Sinto a tristeza, a solidão, o sentimento de inutilidade. Oiço os desabafos, as discussões e os laivos de desespero. E não quero. Quero fugir, às vezes, para bem longe. Sinto que sou a única e que, às vezes, pouco importa o que sou e qual o meu papel, porque tenho de ter outro. E não quero, mais uma vez não quero. Fingir que tudo está bem. É o tempo, é a situação... é a vida a ser injusta uma e outra vez, ou as escolhas a que ela obriga, ou ele... não sei. Mas não quero ser o saco... aquele que leva e leva e apenas baloiça... porque não sou assim. Eu faço mais do que baloiçar. E, afinal, o meu papel não é este. Mas será que posso fugir a ele?...

Aldeia do Mato

Um domingo diferente. Acordar mais cedo do que seria habitual num dia de folga, apanhar duas amigas e partir numa viagem de carro de 1h30 ao encontro de amigos que já não víamos há algum tempo e que já fazia falta ouvir e abraçar.
Um dia alheada da realidade, de Lisboa, do dia-a-dia. Sem rede de telemóvel, debaixo do sol, deitada na relva, a tomar banho no rio cuja água até tinha uma temperatura bem agradável. A partilhar a sombra com o novo membro do grupo de viagens por esse mundo fora (tão pequenina e tão linda!, a Maria!)... e com conversas longas, sentidas gargalhadas, repousos merecidos.
O local era maravilhoso, Parque Náutico da Aldeia do Mato... recomendo vivamente! E a companhia tranquilizadora e libertadora... estava mesmo a precisar de um dia assim.
Obrigada a vocês por o tornarem tão bom; a ti, natureza, por teres recantos assim, que são tesouros; e aos homens que, ainda tendo mexido nessa natureza para a tornar mais segura para nós, não a feriram.

ACARAVANA

«Acaravana» é um espectáculo sobre a (in)comunicação, a singularidade do indivíduo e a sua identidade colectiva. Relatos de histórias contadas numa representação total onde o corpo do actor assume todos os recursos. De Pequim a Veneza, a maior de todas as rotas é aquela que se faz entre cada ser, preservando a sua essência, fazendo-os existir quando cada um se quis realmente plural. Esta peça do Teatro Meridional faz-se com panos, evocando uma viagem que ligou o mundo através de caminhos e vontades. De cidade em cidade. Quando o percurso, mais do que a promessa de um destino, é a possibilidade de um encontro.
Foi neste sábado à noite que mais uma vez me deliciei com uma noite de teatro naquele espaço já conhecido, o teatro Meridional.
Acaravana surpreendeu por imagens belíssimas criadas com panos flutuantes e coloridos. Pela história por trás da história. A rota das sedas representada por episódios quotidianos dos vários países e gentes que dela faziam parte. Desde a China, à Índia, ao mundo muçulmano e à Itália. Uma viagem pelo mundo, pelos sotaques, pelas vestes. Uma viagem pelo que somos. Pela nossa constante procura e insatisfação. Pela nossa ânsia de percebermos quem somos, onde vamos e como queremos chegar lá. E a nossa, não tão pouco habitual, falta de resposta para todas estas questões. Olhá-la sem a ver, ouvi-la sem a escutar, senti-la sem...