Momentos destes. Em que o seu genro chega ao serviço com o seu neto de 6 meses. Digo para não entrar. O ambiente por lá não é apropriado a crianças tão pequenas. O risco de apanharem uma infecção é extremamente elevado. Aguarda no refeitório. Juntamente com os outros dois netos, já mais crescidos, e a sua filha. Ajudo-o a sentar-se numa cadeira de rodas e levo-o até eles. Com um cancro do recto e metástases cerebrais, a sua vida não irá prolongar-se por muito mais tempo. Levo-o até eles. E proporciono um canto no meio daquela sala, onde podem estar um pouco mais confortáveis. De repente, a sua filha traz ao colo o bebé. Olha-o com uma paixão que parecia adormecida nestes dias... sorri-lhe como sorrimos apenas áqueles que amamos profundamente, sem medos, sem receios. Coloca as suas duas mãos no rosto dele e aproxima-o de si para lhe dar um beijo na face. Coloco a minha mão sobre o seu ombro e limito-me a dizer: "que fofura... aproveite a companhia deles" e retiro-me da sala. Na realidade, se tivesse ficado mais um momento, a lágrima que se apoderou dos meus olhos, teria mesmo caído. Arrepiei-me e enterneci-me com aquele momento. Depois sorri, porque tenho uma grande sorte em conseguir partilhar momentos assim com outros seres humanos.
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