Sunday, June 17, 2007

Porque o sono não vem.

O sono não vem... já é tarde... amanhã trabalho.
Por isso sento-me aqui a escrever. Porque o sono não vem.
Sussurrar-te ao ouvido que gostava de perceber. Gostava de tentar chegar mais longe.
Mas há coisas que não consigo fazer. Paraliso.
Olho. À minha volta. Para mim.
Olho-te. E vejo-te.
Gostava que estivesses a meu lado. Não assim, como estamos. Mais. Mais perto. Muito mais perto.
Depois não sei. Paro.
E então? Como saber? Como fazer?
Arrepio. Olhar. Distância.
Arrepio provocado por um olhar à distância.
Frio. No estômago. Sinto-me uma criança outra vez.
Cansada de passados que me prendem.
Ultrapasso.
Contigo a meu lado. Mas não estás a meu lado. Quero-te mais perto.
Olho-te. E vejo-te.
Perco-me nessa imagem e no que é a imagem de te ver, comigo.
Situação complicada. Barreiras nossas?
E se não há barreiras?
Se afinal não há nada?
Mas olho-te. E vejo-te. E vejo-nos.
Mas não somos. Nunca fomos. Seremos?
Voar... talvez de lá de cima veja algo diferente.
Mergulhar... porque a perspectiva profunda poderá ser outra.
Caminhar.
Não te abraço. Não te beijo. Não te toco.
Porque não sei se posso.
Olho-te. Vejo-te.

Queria sussurrar-te ao ouvido. Mas não consigo. Talvez um dia...

Monday, June 11, 2007

Pearl Jam... quem mais?

Um imenso espaço coberto de pó. Pessoas de todas as idades, mas sobretudo, pessoal mais jovem. Pessoal "freak", "beto"... Cabelinhos à "Luis Represas", cabelo à "punk"... Roupas pretas, às riscas... T-shirt's azuis com a capa daquele CD tão familiar. Não importa. Pessoas que estavam ali pela música. A deles e a de outros. Porque gostam de música.
18h, no recinto. Soa ao fundo uma música que não me agrada, onde apenas se ouve "mother fucker's" em todos os sentidos que esta expressão pode ser usada numa frase. Então sentamo-nos num daqueles tapetes verdes, fofos, aguardando uma hora mais próxima DO concerto. Entretanto, um quiz... "não canto, não danço, mas sou uma estrela".
Ok. Já soa melhor o que se ouve. Blasted Mechanism e o seu som, por vezes mais violento, outras vezes mais tribal, se assim posso dizer. Um bom espetáculo, sóbrio. Mas uma vez mais, não estou ali por eles.
Vamos comer. Sim! A fome aperta. Aquela alimentação saudável de festival. O belo do cachorro, o crepe de chocolate que não acabas (e que eu não me importo nada de acabar), a água. Sim, porque eu bebo água. Cerveja, ainda que nacional como a bela da Sagres, não é comigo.
Começam a soar os primeiros acordes de um novo grupo. Linkin Park. Aceleramos um pouco, pois uma de nós queria muito assistir ao concerto. Ao contrário de todas nós, estava ali por LP e não por PJ. O espectáculo é, a meu ver, pobre. Já os tinha visto antes. Não tiveram a mesma garra. Ou então, a idade e gostos na altura eram um pouco diferentes. Tudo é possível. Terminam.
Aproveitamos a saída súbita dos fãs de LP e chegamo-nos à frente, tão à frente que não nos podemos mexer. Apertados. No meio do pó. No meio do calor do público. No meio dos saltos e dos gritos. No meio daqueles que querem chegar sempre um pouco mais à frente mas não há espaço (não vale a pena lembrar essa parte).
Meia hora talvez. Em pé. À espera. Os primeiros acordes. 2 horas de músicas conhecidas que levam ao rubro que por lá andava. As palavras certas no momento certo. Um público cantando todo junto, alto... bem alto. Todos saltando ao mesmo tempo. A vibração. A energia. Aquela voz do Eddie que é única. Ninguém canta assim. Aquelas guitarradas, aquela bateria... porque WE ARE ALIVE.
Quase não se respira por ali. Mas respira-se o suficiente para acompanhar cada música com a nossa voz... e o suficiente para "keep on rockin in the free world"!
No fim, caras de felicidade, encontros rápidos, a excitação por mais um concerto fabuloso. As t-shirt's essas... encharcadas.
A exaustão. O cansaço. Cair na cama depois de um bom duche... mas as palavras que ficam e permanecem. Porque não há nada como ouvir milhares de pessoas e o Eddie a gritarem...

"i know someday you'll have a beautiful life, i know you'll be a star... in somebody else's sky, but why? why? why?... can't it be, can't it be mine?"

Até porque fazem tanto sentido...
Ser uma estrela...
No céu de alguém...

Sunday, June 3, 2007

Nós, pequenos. A música que nos conta, conta a nossa história.

Há coisas na vida, neste pequeno grande mundo que nos rodeia, que valem a pena. Coisas pequenas, pequenas como o nosso dia-a-dia e a nossa pequena existência. Sim, porque somos pequenos, acreditem, bem pequenos.
Músicas que dizem muito. Umas porque contam a nossa história, a de cada um, ainda que não tenham sido escritas a pensar em nós. Frases, sons, palavras... que tocam mesmo naquele sitio onde um sorriso, uma lágrima ou, simplesmente, um arrepio, se desprendem do nosso corpo porque dizem tudo aquilo com que definiríamos um certo momento da nossa vida, mas para o qual nunca encontrámos a palavra certa.
Porque sabemos que algures há uma pessoa pronta a cuidar de nós, a "consertar-nos"?... Porque sabemos que um dia aquela pessoa será uma estrela, mas no céu de outra pessoa, ainda que gostássemos imensamente que fosse no nosso? E porque mentimos e dizemos que ainda amamos alguém (será por não conseguirmos encontrar ninguém melhor?)? E porque nos sentimos vazios, tão vazios, ao dizer adeus ao nosso amor, ao nosso amigo? Porque não conseguimos tirar os olhos daquela pessoa? Porque amamos Paris à chuva?...
E poderia continuar, sem parar. E todas as respostas estão em nós, em cada um de nós. Nós, pequenos, muito pequenos. Em nós, e traduzido em palavras, naquelas músicas, e em tantas outras.
É por isso que adoro ouvir música antes de dormir...