Friday, November 9, 2007

Sem ventos não há sonhos e sem sonhos não há ventos que nos levem ao fundo desses sonhos.

" (...) Nem sempre quando falamos expressamos o que sentimos, ou pelo menos, a intensidade com que o sentimos. Somos traídos por palavras deslocadas ou mesmo pelo medo de expormos até ao fim as dúvidas, os receios. Somos traídos pela expressão dos olhares que nos enfrentam porque magoam ou sofrem. Quando falamos, jogamos com os sentimentos dos nossos interlocutores. Estamos ali fragilizados pela dor que pressentimos ou que nos infringem. Quando escrevemos somos nós. O nosso sentimento profundo transparece na força das palavras. (...) É isso que vejo em ti. A força de um furacão que se amansa perto da praia para de novo se enfrentar contra as dunas e logo voltar a amainar. És tu própria vento à procura de outros ventos. O vento é algo de misterioso. Dependendo de como e de onde, música ou lamento, força que nos leva, canção de embalar ou choro intenso, chicote que nos corta e rompe a alma. Na vida, nem ao sabor do vento nem contra ele. Mas sem ventos não há sonhos e sem sonhos não há ventos que nos levem ao fundo desses sonhos. Procura o teu vento favorável mas não desistas dos sonhos. Acredita que voar é possível (...)"

Porque está no sangue o gosto de pôr em palavras o que nos vai na alma. Aqui fica um pedacinho de um texto que a minha mãe me escreveu um dia, há já muitos anos atrás. Um dia em que estava muito muito triste, e achava que voar já não era possível. Grande mentira! Percebi em pouco tempo isso! Chorei o que tinha a chorar e passou.

2 comments:

MÓNICA said...

Achei o texto lindo!
Também para mim, é mais fácil escrever do que falar, principalmente quando tenho situações complicadas para resolver com alguém, mesmo quando estou furiosa, mas que quero resolver as coisas cá em casa, escrevo-lhe! É mais fácil, porque não tem o tom de voz de acusação,raiva, ou fúria, não caímos no erro de dizer o que não queremos, porque podemos sempre apagar o que não queremos dizer, não somos interrompidas no nosso raciocinio, não nos perdemos com as emoções ao falar, e desatar num pranto(até podemos, mas ele não vê).
E quem lê, pode reler o que não percebeu, não ouve o tom de voz, e normalmente lê até ao fim, antes de qualquer reacção.
Ás vezes não tenho resposta por escrito, mas tenho sempre um beijo e um abraço, e depois até conseguimos falar sobre o mesmo assunto, calmamente!
Bjks

jakín said...

Muito, muito, muito bonito...Não sei se é das horas tardias a que costumo ler o teu blog mas estes textos têm-me tocado...Thankx again..;).