Há cedências que se fazem, atitudes que se tomam, coisas que se dizem numa relação, que eu não consigo compreender. Acredito que dois mundos distintos se juntam quando decidimos partir para uma relação com outro, dois mundos que então se cruzam, surgindo um mundo comum. Mas a individualidade de cada um não deve perder-se. A relação não deve ser o chão que pisamos mas a rua paralela à nossa, com múltiplos cruzamentos onde nos encontramos. Se assim não for, quando sentimos que algo não está bem, perdemos o chão, aquele que sempre foi nosso desde que nascemos. Nosso e de mais ninguém. Ser em conjunto sem deixar de ser separadamente. Encontrar na vida sentido para além da relação. Amar intensamente mas também humanamente... porque nesta vida tudo é eterno e finito ao mesmo tempo. Rir e chorar, discutir por vezes, porque nem sempre isso se consegue evitar, mas em tom de conversa séria, onde debatemos ideias que podem não se conjugar... sem gritos, sem insultos, sem dizer o que não se devia dizer. É amar-nos primeiro, com a certeza que não há ninguém como nós, atribuirmo-nos o valor que temos, reconhecer que somos importantes porque todas as pessoas são importantes. Só depois podemos amar alguém sem receios, sem medos, sem nos perdermos de quem somos, valorizando as pequenas coisas que realmente importam. Em conjunto, em união, em fusão... mas cientes de que a nossa vida não se limita a uma relação afectiva concreta com alguém e de que a nossa felicidade depende apenas de uma pessoa: nós próprios.
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