Mais de 15000 enfermeiros saíram hoje à rua, no culminar de três dias de greve que tiveram uma adesão enorme, que rondou sempre os 90%. Uma vez mais as notícias na TV foram um pouco apressadas, pouco clarificadoras do impacto de algo que há mais de 20 anos não acontecia.
Saímos à rua para reclamar uma revalorização dos nossos salários e da nossa progressão na carreira. Não reclamamos receber mais por receber mais, mas receber aquilo que Enfermagem, em 1999, adquiriu como direito incontornável ao tornar-se licenciatura: receber o mesmo que outros profissionais que têm o mesmo nível de formação.
Foi bom, encorajador e revigorante ver a união da classe, a vontade de lutar pelos nossos direitos e por condições mais dignas de trabalho.
Ouviram-se aplausos e apoios à nossa luta, assim como comentários do género "vão mas é trabalhar". A essas pessoas apenas alguns comentários:
- Lutou-se muito no nosso país para sermos hoje um país democrático e livre, onde a greve e as manifestações são formas de protesto admissíveis e desejáveis;
- Muitos colegas teriam gostado de ter estado lá, nas ruas, connosco, e estiveram a prestar cuidados mínimos, para quem realmente necessita dos nossos cuidados não ficasse demasiado prejudicado (quantos profissionais têm esta exigência quando querem expressar a sua opinião e vontade?);
- Ao lutarmos pelos nossos direitos estamos também, e em grande parte, a lutar pelos direitos de todos os nossos utentes de receber os melhores cuidados de saúde, com o grau de excelência que apenas profissionais motivados e que apostam na formação contínua podem proporcionar (e sem dinheiro, tempo e serviços com dotações eficazes de enfermeiros isto não é possível!).
Foi um dia bom, com pessoas boas e ideias boas. Foi um dia do branco em Lisboa, de gritos entoados, de longa caminhada.
A quem nos pede "bom senso"... questione-se se somos nós ou a senhora que não o temos.
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