Foram mais umas férias. Merecidas e desejadas. O cansaço era tremendo e a vontade de apanhar novos ares muito grande.
Assim começou a viagem a Bali, com cansaço mas entusiasmo. Iniciou-se por um dia e meio de aviões e aeroportos, de aterragens e free shops, de detalhes estruturais de um aeroporto moderno como o de Bangkok, do stress em Lisboa de não encontrarem os nossos nomes para a emissão de bilhetes.
Chegámos finalmente. Na companhia do nosso guia, Kacha, fomos introduzidas a pequenas informações sobre a ilha. De Denpasar, onde se localizava o aeroporto, até o nosso hotel foi um instantinho. Hotel grande, relaxante, repleto de verde e fontes, som de água e tranquilidade. Vestimos o bikini e fomos para a praia. Água quente, ondulação meiga, laranja do fim do dia. E a piscina, só para dizer que não passámos o primeiro dia sem a experimentar.
Bali, a partir daí, foram surpresas, boas surpresas.
Dos dias sempre bons, com um sol abrasador e uma humidade elevada.
Da espiritualidade daquele povo que, em todo o lado, coloca ofrendas para agradecer aos deuses e aos espíritos. Que envolve as grandes pedras e as grandes árvores com panos, pois estas são as casas dos espíritos que têm de ser protegidas. Que em todas as suas casas tem templos, para os deuses, para os espíritos e para os seus antepassados. Que tem um dia, o dia do silêncio, Nyepi day, que celebra o inicio do novo ano e determina um dia de meditação em casa e de silêncio nas ruas. Celebrado no dia 26 de Março, foi celebrado também por nós, no hotel, que cerca das 19h, quando anoiteceu, ficou inundado pelo silêncio e escuridão, apenas iluminada por velas nos corredores, em respeito a esta cerimónia, e que nos ofereceu assim um céu totalmente invadido por estrelas e constelações.
Do surf e do bodyboard, partilhado com amigas e com locais, de forma descontraída, num mar azul esverdeado de ondas regulares e perfeitas, com o sol a esturricar o corpo sem que déssemos conta. Dos bikinis que saem e da t-shirt que se leva no 2º dia de aulas.
Dos macacos que nos acariciam o cabelo e nos olham como que interrogando-nos. E daquele, mais espertalhão, que procura o que eu possa ter dentro do bolso na camisa.
Da surpresa, não tão boa, que é acordar como uma "pringle", com a cara inchada e sem conseguir abrir bem o olho. Perceber a utilidade do gelo, dos anti-histamínicos, dos chapéus para a cabeça, das camisas largas de manga comprida e das legins também compridas.
Da multiculturalidade da noite de Kuta e dos shot's que elas beberam a preços idiotas do licor local: Arak. Os encontros que se têm, de gentes de todo o mundo, com vontade apenas de cantar e dançar, de nos libertarmos da pesadez do dia-a-dia numa noite de gargalhadas quentes por um calor que se mantém de noite, impedindo o uso de mangas compridas até neste período. Expresso Bar, Paddy's e a famosa Bounty, entre outros. E a dança com o "little Bob", ou pelo menos, assim o chamávamos nós.
Da gastronomia. Boa! Deliciosa! Asiática... com o seu travozinho picante, as suas múltiplas cores e os seus sabores intensos. E aqueles sumos naturais... como sabiam bem, fresquinhos, todos os dias.
Dos táxis, cada dia mais baratos, à medida que aprendíamos a regatear melhor.
Dos "Putos", nome comum para muitos homens por lá. E daquele "Puto" em especial, que nos deu boleia (paga, claro!, mas baratinha!) quando andávamos totalmente perdidas em Kuta. Obrigada Puto!
Das lojas de surf em cada rua e em cada esquina, com preços bem mais baratos que as de Portugal... se vivesse lá, vestia-me com aquelas marcas!
Do "Banana Boat", after sun, de Aloe Vera. Fresquinho, macio e que não arde, mesmo em peles sensíveis... e acreditem, as nossas estavam!
Dos templos, de calma e meditação, no meio dos lagos, do mar, da selva. Onde a água sagrada purifica e onde só podemos andar de pareo, para tapar as partes impuras do nosso corpo. Onde as mulheres menstruadas, por isso também impuras, se banham depois do periodo de menstruação, para se purificarem de novo e poderem entrar novamente à zona interna do templo. Onde todos os dias se dirigem várias pessoas, crianças, adultos e idosos, com as suas ofrendas aos deuses.
Dos sorrisos das pessoas, sempre prontos, sempre presentes, sempre simpáticos. Um povo extremamente acolhedor, calmo e simples.
De nós, juntas mais uma vez, numa grande aventura. É bom partilhar momentos bons com pessoas boas, que nos fazem bem. Amigas.
De tudo.
Agora ficam as saudades, vontade de voltar e a eterna questão: o mundo é demasiado grande para ficármos presos ao nosso cantinho. Bali foi bom e mais um cantinho deste pedaço de universo que nos foi revelado.
E agora, de novo, aqui...